Os Estados Unidos se preparam para mais um ciclo eleitoral: a disputa de 2024. E os dois nomes que se sobressaem até o momento indicam que a corrida à Presidência dos EUA será, como na anterior, entre Joe Biden (Democratas) e Donald Trump (Republicanos).

O atual mandatário dos Estados Unidos, Joe Biden, tentará a reeleição apoiado por figuras importantes da história de seu partido. “Ao anunciar candidatura, ele recebeu apoio do ex-presidente Obama e da ex-secretária de Estado Hillary Clinton”, pontua Jean Lima, PhD em Relações Internacionais e professor da Universidade Católica de Brasília.

Apesar do apoio da cúpula partidária, no entanto, as pesquisas indicam que parte do eleitorado perdeu confiança em Biden, apontando como um dos motivos a idade avançada dele: 81 anos.

No partido Republicano, a situação também não é tranquila. Donald Trump é favorito a vencer as primárias da legenda, mas terá de dividir forças entre a campanha e dois julgamentos. Em Nova Iorque, ele enfrenta acusações por fraude financeira. Já em Columbia, é acusado de incitar os atos que resultaram na invasão do Capitólio — sede do legislativo do Estado Americano —, em 2021.

Nesse cenário de irresolução, outros candidatos republicanos tentam ganhar fôlego na disputa. “Alguns nomes ainda tentam respirar, como Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul, e Ron DeSantis, governador da Flórida, o qual vem apostando no discurso conservador para atrair votos. DeSantis disse que brasileiros não teriam o ‘direito de vir a este país’; um aceno aos eleitores mobilizados pela pauta anti-imigração”, avalia Nicholas Borges, analista político da BMJ Consultores.

Eleições 2024 com cara de 2020

Apesar de uma conjuntura com outras variáveis em jogo, em 2020 as divisões partidárias persistiram e ecoaram nos EUA desde então. Segundo Lima, um dos pontos flagrantes desse panorama é a qualidade dos debates eleitorais, os quais passaram a ter perfil argumentativo voltados a captar o eleitor polarizado, mesmo à custa de mentiras e meias-verdades.

“Nos próprios debates das primárias, por exemplo, são levantadas teorias conspiratórias sobre a invasão do Capitólio ou acerca das próprias eleições de 2020 terem sido roubadas pelas grandes empresas de tecnologia; vide os discursos do empresário e candidato republicano Vivek Ramaswamy (Republicanos), filho de indianos. Se candidatos apoiam teorias da conspiração, imagine sua disseminação entre os apoiadores”, pontua Lima.

A polarização deve forçar uma eleição apertada nos EUA, apostam os analistas. “É possível esperar uma eleição novamente apertada. Nos Estados Unidos, o vencedor não sai necessariamente do voto popular, mas do número de delegados que cada candidato ganha nos estados. Por isso, além do apoio dos eleitores, o número de delegações e o suporte regional são de extrema importância”, explica Borges.


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Conflitos de fora dentro de casa

Apesar do reflorescimento de 2020, outro fator pode ser a diferença crucial na eleição norte-americana: conflitos bélicos. Hoje, o mundo enfrenta a guerra russo-ucraniana e o embate Israel x Hamas. Em ambos, os EUA têm papel essencial, seja na mediação, ajuda econômica ou no fornecimento de armas e munição.

Do lado democrata, a guerra em Israel tem impactado sobretudo os jovens, que têm condenado a ofensiva israelense. Já Trump, pelos republicanos, aposta numa retórica centrada no confronto ucraniano e até afirma que uma nova gestão resolveria as tensões em 24h.

Nesse sentido, tanto o eleitor republicano quanto o democrata tendem a ser atraído à disputa eleitoral. Isso ocorre porque parte da soberania estadunidense no cenário mundial é colocada em xeque neste momento. “A busca por estratégias de atuação frente às crises internacionais será foco do debate, pois a política externa tem um papel essencial à manutenção do status dos EUA como superpotência global”, aponta Borges.

Previsão

Por fim, a participação eleitoral tende a ser outro ponto parecido com 2020. As eleições presidenciais passadas nos EUA tiveram grande presença popular, fruto também da polarização no país. Assim, o trabalho principal será novamente de convencer a parcela indecisa e grupos específicos da sociedade a irem às urnas, já que o voto não é obrigatório no país.

“Podemos esperar campanhas que se mobilizem em torno de grupos diversos do eleitorado, e questões sociodemográficas não devem ser tão diferentes como observamos em 2020. Em outras palavras, caso seja necessário apelar a determinados grupos, Joe Biden ainda mantém a aceitação majoritária entre a população negra, os jovens e as mulheres – que foram cruciais na última disputa presidencial”, observa Lima.

Trump visa os estados com histórico republicano, como Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada e Pensilvânia. A chave de eleição, no entanto, está nos chamados Swing States, unidades sem preferência partidária clara. Outra aposta do empresário é a não condenação nos dois julgamentos que enfrenta. “A percepção pública sobre o empresário potencialmente se tornará mais negativa, complicando sua candidatura e seu apoio político e financeiro”, conclui Lima.

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Por Metrópoles

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