Em muita gente causa espanto a desenvoltura da direita desde meados de 2013 quando teve início o colapso do governo Dilma Rousseff, que culminou com sua queda em 2016 e a eleição de Bolsonaro dois anos depois. O espanto não tem cabimento.

A direita sempre existiu no Brasil e prevaleceu. A esquerda só deu o ar de sua graça por aqui com a criação do Partido Comunista Brasileiro em 1922, na esteira da Revolução Russa de 1917, mas nunca venceu. Só chegou ao poder com Lula em 2003.

Chegou pensando em cavalgá-lo. Foi cavalgada diretamente por ele duas vezes, e agora de novo. Lula só não se elegeu presidente em 2018 porque estava preso. Não fosse ele, Bolsonaro teria sido reeleito e a democracia seguiria ladeira abaixo.

Foi Jânio Quadros, um populista de porre, que se elegeu presidente em 1960 com apoio da direita. Derrotou o marechal Teixeira Lott, um anticomunista convicto que a esquerda pretendeu cavalgar e não conseguiu da forma como desejava.

Eleito vice de Jânio só porque, à época, a vice-presidência podia ser disputada por candidatos avulsos, João Goulart contou com o apoio da esquerda para governar, mas de esquerda ele não era. Foi o que bastou para que acabasse derrubado por um golpe militar.

O de 1964 foi um golpe retardatário. Era para ter sido aplicado 10 anos antes contra Getúlio Vargas. Foi por meio de um golpe militar que Vargas alcançou o poder em 1930; governou por meio de outro dado em 1937, até ser deposto pelo golpe militar de 1945.

Vargas voltou à Presidência em 1950, eleito pelo povo. Seu suicídio com um tiro no coração em agosto de 1954 abortou o golpe militar tramado pela removê-lo outra vez do poder. Sobrou então para Goulart, o queridinho de Vargas. A ditadura de 64 durou 21 anos.

Faltava à direita brasileira perder a vergonha de se assumir como direita. Não falta mais. Os militares jamais admitirão ser de direita porque a Constituição os proíbe de fazer política. São servidores da democracia, embora a tenham suprimido muitas vezes.

A direita tirou a máscara em definitivo. Em uma democracia, há lugar para todas as correntes de opinião, do contrário não seria uma democracia. Sem máscara, identifica-se com facilidade os extremistas de qualquer natureza. E fica mais fácil combatê-los.

Fica também mais fácil puni-los se tentarem jogar fora das quatro linhas da Constituição.

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Por Metrópoles

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