A minha experiência com o câncer de próstata.

São Bento em Foco
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O dia 17 de novembro é tido como o dia mundial de combate ao câncer de próstata, dando origem ao movimento “novembro azul”.

Segundo relatos literários, este movimento, surgiu em 2003 em Melbourne, na Austrália, a partir da iniciativa de dois amigos, Traves Garone e Luke Slattery, inspirados pela campanha da mãe de um deles, que levantava fundos para o combate ao câncer de mama. Os dois jovens tiveram a ideia de deixar o bigode crescer, associando a figura do bigode com a conscientização da saúde masculina. Houve grande adesão à campanha, inclusive as mulheres foram incentivadas a participarem usando bigodes falsos e roupas na cor azul, que simboliza a luta contra o câncer de próstata, instituindo-se, a partir daí, o movimento conhecido como “novembro azul”.

A chegada da campanha ao Brasil deu-se em 2008, trazido pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia, e, felizmente tem crescido a cada ano. O que é muito importante, pois, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer, INCA, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele do tipo não melanoma.

Assim, como sempre me esforço para ser transparente com os leitores que me acompanham, e visando dar minha contribuição à referida campanha, dou o meu testemunho em relação ao meu caso específico, quando fui surpreendido com o diagnóstico de câncer de próstata, no ano de 2009, ocasião em que não havia completado ainda 50 anos de idade.

Como certamente reage qualquer homem, ao receber uma notícia como esta, fiquei arrasado emocionalmente e cheio de incontáveis dúvidas e interrogações: por que comigo, uma vez que sempre fui saudável, um adepto dos cuidados com o corpo, submetendo-me com regularidade a exames médicos preventivos, dentre estes àqueles relativos à prevenção ao câncer de próstata?

A verdade é que fui diagnosticado com CA de próstata, felizmente em estágio inicial da doença, e, consequentemente, vieram não apenas as dúvidas, incertezas e medo, mas também uma certa revolta. Cheguei a reclamar com os médicos e a duvidar da importância da prevenção, haja vista que, sendo eu um aliado desta prática, por que em relação a este mal não funcionou? Aí recebi a grande lição de todos os cuidadores, que me tranquilizaram e informaram o seguinte: prevenir o câncer de próstata, não significa que o indivíduo não poderá ser acometido desta doença, mas sim que esta será detectada precocemente, e, desta forma, as chances de cura são altíssimas, próximo aos 100%. Isso me deu uma grande tranquilidade, pois, certamente, o maior medo que sentimos, ao receber um diagnóstico de câncer, é o medo de morrer. Mas, mesmo após ser convencido que a cirurgia era simples, e também que as chances de morrer por este problema, eram remotas, vieram as outras inquietações e medos inevitáveis a qualquer homem quando aconselhado a se submeter a um procedimento cirúrgico de próstata, quais sejam: o medo de ficar impotente sexualmente, e também o de passar a sofrer com incontinência urinária.

Mais uma vez, os médicos cuidadores, voltaram a me tranquilizar afirmando que, em estágios iniciais deste mal, como foi o meu caso, e na idade que eu estava à época, a probabilidade de impotência sexual é menor que 5%, e em relação a incontinência urinária é menor que 20%, e acrescentaram ainda que, mesmo que algum destes problemas surgissem, ambos seriam facilmente resolvidos com medicamentos e/ou fisioterapia. Isso não só me tranquilizou e encorajou a fazer a cirurgia, como também me estimulou a fazê-la o mais rápido possível. Existe uma sabedoria popular que diz o seguinte: “guardar só se for dinheiro, doenças e rancores, jamais”.

Portanto, fiz o procedimento cirúrgico, cuja recuperação foi muito rápida, e, como previsto pelos médicos, não fiquei com nenhuma sequela, seja sexual, urinária, infecciosa ou outra qualquer. E, assim sendo, sou mais um na estatística de curados dessa doença, desde o ano de 2014, uma vez que, segundo a literatura médica especializada, após 05 anos da cirurgia, a pessoa é considerada curada. Mesmo assim, continuo fazendo as visitas anuais ao médico, como manda o manual de boas práticas de cuidados com a saúde que todos devemos ter, independente de termos sido acometidos ou não de qualquer doença grave.

Enfim, quero não apenas estimular aos homens que façam os seus exames preventivos, mas também pedir a todas as mulheres para que encorajem e auxiliem seus companheiros, pais, irmãos, filhos etc., a fazerem os exames preventivos de câncer de próstata. Isto salva vidas. E todos somos responsáveis por esta causa em prol da saúde pública.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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Fonte : Mais PB

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