Após 50 dias de recesso parlamentar, os deputados retomaram as atividades na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) nesta quarta-feira (7). Os trabalhos na Casa foram iniciados com a presença do governador João Azevêdo (PSB), que prestou contas das ações do governo e apresentou a mensagem do Executivo para este ano.

O reinício das atividades também foi marcado pela pressão da bancada de oposição para emplacar a instalação da CPI do Padre Zé, com o objetivo de investigar os supostos desvios no Hospital Padre Zé, na gestão de Padre Egídio de Carvalho, em plenário, e pelo protesto dos servidores do lado de fora, cobrando melhorias salariais e de trabalho.

O líder da oposição, Wallber Virgolino (PL), espera que a CPI seja instalada. Mesmo posicionamento tem o deputado Tarciano Diniz, cotado para assumir a liderança a partir deste ano. “Já temos as 12 assinaturas e protocolamos o pedido em dezembro do ano passado e agora vamos cobrar o tramite nas comissões para dar a oportunidade daqueles que foram citados se explicarem”, comentou.

O presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (Republicanos), descartou a chance de destravar a investigação no legislativo. Seu entendimento é que as autoridades já têm desempenhado essa função e trazer a investigação para a Casa poderia abrir espaço para debates políticos.

Tanto o nome de Galdino, como o do governador João Azevedo, além de outras autoridades, foram incluídos como testemunhas de defesa do Padre Egídio. Galdino, ao ser questionado sobre isso, inclusive, desconversou. Disse que sequer conhecia onde fica o Hospital Padre Zé, embora tenha destinado emendas parlamentares este ano para ajudar na recuperação da entidade filantrópica, e que já solicitou a exclusão do seu nome.

Protesto de servidores

A solenidade foi marcada por protestos na Praça dos Três Poderes, realizado pelo Fórum de Servidores, que esperavam serem ouvidos pelo governador João Azevêdo. A principal pauta é que o governo abra uma mesa de diálogo para debater um melhor reajuste salarial. Este ano, o governo concedeu reajuste linear de 5% na data-base. O funcionalismo esperava 22%, devido a reajustes não concedidos em anos anteriores.

“Nós apresentamos um valor que é um valor aonde o Estado foi ao seu limite da capacidade. Nós temos que entender que nós demos aumento linear nesse período, diferentemente até se você fizer uma comparação com o governo federal, por exemplo, que há seis anos não dá aumento”, argumentou o governador.

O servidor Beethoven Silva, presidente da Associação dos Policiais Civis da Paraíba e membro do Fórum dos Servidores, criticou a decisão do governo em não negociar. Ele antecipou que as forças de segurança deve realizar uma Assembleia Geral no próximo dia 19 de fevereiro e que não descartam deflagrar um movimento grevista.

Ano eleitoral

O segundo ano da atual legislatura inicia, mas não começa na prática. Isso porque o expediente será suspenso hoje para a desfile das Muriçocas e como na próxima semana é de Carnaval, muito provavelmente as sessões e atividades parlamentar só aconteçam de fato a partir de 19 de fevereiro.

O grande desafio para este ano é manter o ritmo das sessões em meio ao processo eleitoral. Alguns deputados estão envolvidos diretamente na disputa, se projetando como pretensos candidatos, e outros devem trabalhar em suas bases para se fortalecer para 2026.

Desde o ano passado, o clima já é de disputa interna na Casa, sobretudo por causa da eleição na Capital. Além de Cida Ramos e Luciano Cartaxo, que cortejam a vaga pela esquerda, e Wallber Virgílio, pela direita, tem ainda o deputado Hervázio Bezerra no meio dos debates. O socialista é pai do vice-prefeito, Leo Bezerra virtual candidato à reeleição, e tem exercido o papel de defensor do prefeito Cícero Lucena na Casa.

Outra cidade que monopoliza debates na ALPB é Cajazeiras, que tem o líder governista Chico Mendes (PSB) como pretenso candidato a prefeitura de um lado, e os deputados Junior Araújo (PSB) e Drª Paula (PP) aliados, em campos opostos na cidade.

O presidente da Casa, Adriano Galdino, disse que espera que haja um equilíbrio no andamento dos trabalhos.

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Fonte: Jornal da Paraíba

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