O Diwali, um dos principais festivais da Índia, transcende em muito os limites do país e da religião que o tornou famoso: hoje é celebrado por milhões de pessoas pertencentes a pelo menos quatro religiões em todo o mundo.

A palavra Diwali é derivada do sânscrito dipavali, que significa “fila de luzes”. As luzes são a chave para este festival de cinco dias, tanto metaforicamente quanto literalmente. A festa celebra o triunfo da luz sobre as trevas, do bem sobre o mal, e as luzes são o seu principal elemento decorativo.

Um feriado, quatro religiões, milhões de fiéis

Duas figuras centrais do panteão hindu estão no centro do Festival das Luzes, que este ano tem seu dia principal em 12 de novembro: os deuses Vishnu e Lakshmi.

Para muitos hindus, o Diwali marca o dia em que o príncipe Rama e sua esposa Sita – encarnações dos deuses Vishnu e Lakshmi, respectivamente – retornam ao seu reino após 14 anos de exílio.

No oeste do país, o Diwali também comemora quando Vishnu enviou o demônio Bali para governar o submundo. Mais ao sul, a data refere-se à vitória de Krishna sobre o demônio Narakasura. Há hindus que celebram nesta data o casamento de Vishnu e Lakshmi, enquanto para outros marca o aniversário da deusa da prosperidade.

E tudo isso ocorre apenas dentro do hinduísmo. Mas, além da religião majoritária da Índia, o Diwali também é celebrado por sikhs, jainistas e alguns budistas.

Para os sikhs, o Diwali marca o Dia da Libertação do Guru Hargobind, o seu sexto guru, após uma prisão injusta. Para o jainismo, comemora-se nesta data o dia em que Mahariva, seu último líder espiritual, morreu e alcançou a iluminação. E embora entre os budistas não seja uma grande festa, alguns deles o celebram para comemorar o momento em que o Imperador Ashoka, que governou no século 3 aC., converteu-se a essa religião.

Lakshmi, deusa hindu da prosperidade e da riqueza, é uma figura central do Festival das Luzes / AFP/CNN Espanhol

Luzes, rangolis, apostas: as variadas tradições do Diwali

A celebração pode ser tão variada quanto as comunidades que a celebram, mas existem algumas tradições que permeiam todo o Diwali. A mais notável é decorar as soleiras das residências e empresas com luzes. Lá, as pessoas tradicionalmente colocam lamparinas a óleo chamadas diyas e que remetem à lenda no centro da celebração: conta a história de quando Rama voltou do exílio e eles o receberam com diyas acesas.

Nesta festividade, os hindus também querem atrair Lakshmi, deusa da prosperidade, por isso, além de iluminar suas casas, limpam-nas e decoram-nas com cuidado. Em algumas cidades e vilas, por exemplo, deixam as portas e janelas abertas para que ela possa entrar.

Fazem parte da decoração os rangolis, desenhos geométricos de cores vivas que ficam impressos nas entradas e que buscam receber os convidados e, claro, a deusa Lakshmi.

O Diwali é um momento de reunião familiar e comunitária. Os hindus, por exemplo, deixam oferendas nos altares dos deuses em seus mandirs, nome dado aos seus locais de culto, e se reúnem para comer juntos (falando em comida, é tradição a troca de doces conhecidos como mithai). Há também lançamentos de fogos de artifício.

Como a celebração marca o início do ano financeiro hindu, também é tradição que os empresários abram novos livros contábeis.

Rangolis, figuras geométricas de cores vivas, são parte fundamental das celebrações do Diwali / AFP/CNN Espanhol

Um feriado com abrangência e projeção excepcionais

O alcance do Diwali é excepcional na Índia: 85% dos adultos o celebram, segundo o Pew Research Center. Além de hindus, sikhs, jainistas e alguns budistas, também é comemorado por cerca de 30% dos cristãos do país e 20% dos muçulmanos. (Esta mistura de religiões e celebrações não é excepcional no país asiático: o Natal, por exemplo, é uma celebração cristã que também é celebrada por entre 15% e 20% dos sikhs, jainistas e budistas).

Mas, além disso, a celebração transcende em muito as fronteiras da Índia e até da Ásia. Nos Estados Unidos, por exemplo, é um festival em expansão, a par do crescimento da comunidade de origem indiana, e as celebrações no Reino Unido também se destacam mundialmente.

A prova de sua projeção internacional talvez seja uma decisão tomada pela cidade de Nova York no ano passado: a partir de 2023, Diwali é feriado escolar. “Vamos incentivar as crianças a aprenderem o que é o Diwali”, disse o prefeito Eric Adams ao anunciar a medida. “Quando aproveitamos este período para reconhecer o Diwali, estamos reconhecendo a luz dentro de nós, a luz que pode claramente afastar a escuridão”.

*Com informações de Harmeet Kaur, Alisha Ebrahimji, Naomi Canton, Emanuella Grinberg e Zoe Sottile, da CNN.

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Fonte : CNN BRASIL

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