Após a prisão do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, nesta quarta-feira (9), aliados do ex-ministro da Justiça Anderson Torres apostaram na tese da autonomia funcional da PRF para negar a existência de uma combinação para prejudicar as eleições de 2022.

Conforme apurado pela analista da CNN Basília Rodrigues, a notícia causou preocupação no entorno de Torres.

Para pessoas próximas do ex-ministro, “algo grave” deve ter sido descoberto pela investigação, o que justificaria a ordem de prisão preventiva contra Silvinei Vasques, quando não há prazo determinado para acabar.

 

 

Ele foi preso em casa, em Florianópolis, e, como a CNN apurou, será trazido para Brasília.

Acareação pode ajudar a ligar Torres a Silvinei

A tese orquestrada por aliados de Torres, no entanto, pode cair por terra. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI do 8 de janeiro, quer fazer uma acareação entre o ex-ministro e o ex-superintendente da Polícia Federal na Bahia Leandro Almada para confrontar as versões divergentes que os dois apresentaram sobre a visita de Torres à sede da PF baiana.

O ex-ministro da Justiça disse em depoimento à CPMI que o encontro teria servido para vistoriar obras naquela superintendência, versão diferente da apresentada pelo delegado Almada.

Em maio, Almada prestou depoimento à PF no inquérito que apura a ação da PRF em bloqueios em cidades do Nordeste no segundo turno das eleições.

Na oitiva, Almada afirmou que houve um pedido de Torres e Nunes para atuação conjunta da PF com a PRF nas blitze de 30 de outubro de 2022. Elas foram realizadas majoritariamente em cidades do Nordeste que votaram massivamente no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O delegado Leandro Almada, no entanto, diz que não atendeu aos pedidos de Torres e Nunes por “achar inadequado” e que a reunião, basicamente, tratou durante todo o tempo da questão da desconfiança sobre compra de votos e de uma “suposta anormalidade na Bahia”.

Conforme revelado com exclusividade por Elijonas Maia, da CNN, documentos comprovam que o então ministro da Justiça Anderson Torres viajou à Bahia em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) seis dias antes do segundo turno das eleições presidenciais, para tratar das operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

É indicado nos arquivos que o voo saiu do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, no dia 24 de outubro, às 17h30, chegando a Salvador duas horas depois.

A relação nominal mostra que Torres foi acompanhado do secretário-executivo do Ministério da Justiça, Antônio Lorenzo, do diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes, de um assessor especial do gabinete e dois agentes da PF.

O então ministro estava no Rio de Janeiro por conta do episódio em que Roberto Jefferson foi preso e atirou contra policiais federais.

Almada foi “promovido” pelo Governo Lula

Além de Leandro Almada, os delegados Flávio Albergaria Silva e Marcelo Werner também receberam o então ministro da Justiça Anderson Torres na véspera do segundo turno das eleições do ano passado na Superintendência da PF na Bahia.

Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador da Bahia Jerônimo Rodrigues (PT), os delegados responsáveis pela não anuência da ação no estado foram promovidos dentro da corporação, agora chefiada por Andrei Rodrigues, que foi segurança de Lula durante a campanha presidencial.

Leandro Almada foi nomeado superintendente da PF no Rio de Janeiro, considerada uma das mais estratégicas da PF. Ela é responsável, por exemplo, pelo caso Marielle Franco, e a cúpula da PF e o ministro Flávio Dino queriam alguém de confiança. Crimes de tráfico internacional de armas também são prioridade da PF no Rio.

O delegado Flávio Albergaria virou superintendente da PF na Bahia. Marcelo Werner se licenciou do cargo de delegado e foi nomeado pelo governador do PT como secretário de Segurança Pública do estado.

Veja também: Ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques é preso por operações nas eleições de 2022

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Com informações de Basília Rodrigues, Tiago Tortella, Elojinas Maia, Lucas Mendes, João Rosa, Marcos Amorozo, Marina Demori

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Fonte : CNN BRASIL

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