O candidato da extrema-direita, Javier Milei, não deve ir ao segundo turno das eleições presidenciais na Argentina, mas será importante para ajudar a definir o resultado do pleito, afirmou à CNN Mauricio Santoro, cientista político e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha.

As pesquisas apontam que Milei deve fazer em torno de 20% dos votos nas prévias eleitorais deste domingo (13), o que não o levaria ao segundo turno, mas o tornaria importante para o candidato da oposição que chega, diz Santoro.

“Provavelmente, essa pessoa, seja ela [Patricia] Bullrich ou Horacio Larreta, vai precisar do apoio do Milei, o que vai levar o discurso da oposição a ser mais radical do que seria em circunstâncias normais, porque vai ter que cortejar o eleitorado do Mieli”, explicou.

A ex-ministra de Segurança Pública, Patricia Bullrich, e o prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta, são os nomes de centro e direita que mais estão cotados para disputar a presidência com o candidato governista.

Apesar de Milei ter performado resultados melhores nos meses passados, sua candidatura minguou junto ao eleitorado após o seu partido, Liberdade Avança, acumular derrotas públicas.

Entre elas, não conseguir fazer nenhum cargo nas eleições regionais semanas atrás e o envolvimento em denúncias de corrupção para vendas de cargos públicos.

O partido tem o combate à corrupção como um dos seus pilares políticos.

“Milei foi, a alguns meses atrás, a grande sensação dessa campanha na Argentina. E se acreditava que ele tinha a possibilidade de surpreender, sendo um candidato com chances de ganhar a presidência. Nos últimos meses, no entanto, a candidatura do Milei saiu muito enfraquecida”, diz o cientista político.

Economia no centro das atenções

O principal tema a ser discutido nas eleições da Argentina é a economia, já que o país vive crises com uma inflação de mais de 100% ao ano.

Por isso, a oposição deve fazer duras críticas à gestão peronista. Por outro lado, o candidato governista é o atual ministro da Economia, Sergio Massa, que disputa sob a ideia de que é o “menor pior”.

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“É contraditório, nesse cenário, que o ministro da Economia seja o candidato governista. Mas o Massa assumiu esse cargo há poucos meses, no fim do ano passado. E existe uma percepção do mercado financeiro de que é ruim com o Massa, mas pior sem ele. Essa é a cartada que ele tem jogado”.

Ainda assim, Massa representa, dentro do peronismo, um grupo mais centrista e liberal, também historicamente mais crítico aos grupos de esquerda.

“É quase certo que, amanhã, Massa sai como o candidato do governo”, diz o professor.

“Provavelmente, se a oposição ganhar, o que a Argentina teria nos próximos meses seria um pacote de ajuste estrutural, de corte de gastos públicos, de uma tentativa de conter a inflação, o que, pelo menos no curto prazo, significaria uma recessão (…) Há uma chance bem considerável de que a oposição vença as eleições de outubro”, finaliza.

*Produzido por Elis Franco, da CNN

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Fonte : CNN BRASIL

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