Fábio Bernardo, a responsabilidade do jornalismo virtual nas redes globais
Kubitschek Pinheiro
Fotos – Thayse Gomes e Ismael Pessoa
Com textos motivadores, focado na base do trabalho, construído nos conhecimentos e da visão de mundo, ao longo de sua formação, o jornalista Fábio Bernardo, é o campeão da informação digital. Ele rediz um texto enxuto e argumenta nessa modalidade escrita catalisada, fotografada, filmada. Quem está por fora, não consegue mais chegar perto.
FB figura no conceito do impacto dos influenciadores digitais na sociedade de consumo, com publicações de eventos, mulheres bonitas, festas, de forma coerente e coesa, sempre com propostas ousadas; não usa imagens tiradas pelo celular, uma prioridade sua desde o trabalho anterior – com as fotografias levadas para páginas inteiras do impresso, ato justo de reconhecer a arte do fotógrafo, aquele, que muita gente esquece de dar o crédito. Arte é arte.
São anos de batalhas. Fábio Bernardo apresenta a proposta de intervenção nesse contexto global, seleciona, organiza argumentando, criando espaços novos, num show de frequências de muitos magahertz, mas é o gancho que o levou mais longe.
Com essa entrevista daremos início a uma série de descobertas, conversando com artistas, escritores, jornalistas, chefs de cozinha, empresários escambau. O próximo é o jornalista e escritor Hélder Moura, que traz revelações.
FB conversou com a gente, quebrou tabus e mostrou porque ele é mesmo, o campeão das redes em nossa aldeia fala do antes, durante e que virá. Boa leitura.
MaisPB – Você foi o primeiro a apostar nas redes sociais – sentiu alguma dificuldade no começo?
Fábio Bernardo – Acho que tudo foi acontecendo de forma muito espontânea e até inconsciente do que estava por vir… Era uma curtição compartilhar os momentos com seguidores – outrora leitores – na Internet. E logo no início, como tudo parecia uma brincadeira, não me recordo das dificuldades. Passados os primeiros meses, a rapidez virou um desafio e foi nisso que eu apostei!
MaisPB – Da sua longa experiência como jornalista, que começou lá atrás com a Coluna Você, depois emplacando como colunista do Correio da Paraíba e Jornal da Paraíba, além de ter sido editor do Maganize, você acredita que o impresso foi uma escola de aprendizagem?
Fábio Bernardo – Foram quase 20 anos nas redações, convivendo com os maiores e mais experientes nomes do jornalismo paraibano, o que me proporcionou uma formação, na prática, quase que acadêmica. A firmeza, a personalidade exigente e comprometida da jornalista Lena Guimarães, por exemplo, à época nossa editora-chefe, refletiram na disciplina que carrego comigo para todos os trabalhos até os dias de hoje.
MaisPB – Você é o campeão disparado no Instagram na Paraíba, com mais de cem mil seguidores. Poderia falar dessa experiência e da velocidade da notícia postada em primeira mão, seja moda, arte, costumes, sociedade, segmentos…
Fábio Bernardo – Acho que hoje o meu compromisso está muito mais pautado na qualidade do que publico do que exatamente nessa questão – até escravizante – da velocidade. A beleza do conteúdo, os textos mais curtos e objetivos, o fazer bem feito, fazer melhor são prioridades.
MaisPB – Como você analisa as inúmeras pessoas que compram seguidores, que são, na verdade “robores”, fantasmas?
Fábio Bernardo – Parece brincadeira, mas essa é uma prática mais comum do que parece, no Instagram. Das celebridades mais impensáveis – verificadas, inclusive – aos aspirantes a “influenciadores”, muita gente compra curtidas, visualizações e seguidores. Virou um negócio orquestrado pelo que chamaria de “zumbis virtuais” rsrsrs…
MaisPB – Quem lhe conhece, sabe da valorização e o amor que você tem pelas artes. Como veio a iniciativa de com sócios abrir o Espaço Arte Brasil, que hoje já é uma referência?
Fábio Bernardo – O Espaço Arte Brasil é, sem dúvida, uma grande realização… E nasceu de uma necessidade pessoal. Sempre gostei de adquirir as obras – pinturas e esculturas – produzidas pelos nossos artistas paraibanos e, com o tempo, senti vontade de presentear com arte – algo que passasse a fazer parte das vidas de pessoas que são especiais para mim.
MaisPB – São muitos talentos, né?
Fábio Bernardo – Sim. Me incomodava ver tantos talentos que nós temos isolados – esquecidos até – em seus espaços de produção. A ideia de juntá-los numa grande e única vitrine veio na pandemia, assim como o propósito de democratizar a arte, torná-la acessível, sem barreiras ou restrições para quem tem muita ou pouca capacidade de investimento, muito ou pouco entendimento cultural.
MaisPB – E a loja, que agora em setembro celebra um ano de atividades, abriu caminhos…
Fábio Bernardo – Exato. A loja que procuramos afastar do conceito de distanciamento das galerias – vai completar o seu primeiro ano de sucesso, neste mês de setembro, e estamos muito felizes com o quanto já avançamos em trazer de volta o pensamento dos paraibanos para a arte. Seja para iniciar uma coleção ou para presentear com o que é especial, único e eterno. O caminho já existe e as portas estão abertas.
MaisPB – Aliás, como tem sido a apresentação de novos talentos paraibanos, (escultores e pintores) além dos clássicos artistas paraibanos? Qual tem sido a aceitação do público?
Fábio Bernardo – Sim, focamos nos artistas já consagrados para a abertura do Espaço Arte Brasil mas, ao longo desse primeiro ano, já despertamos o interesse do público para novos talentos, como os artistas Gildo Xavier e Pedro Callado, por exemplo. A ingenuidade e criatividade autêntica de Gildo, pintor naif autodidata, e o preciosismo do trabalho de Callado, que fotografa e depois pinta as aves da nossa flora brasileira, já conquistaram muitos paraibanos e até o jornalista Bruno Astuto – um nome global – que recentemente adquiriu suas obras, em passagem por João Pessoa. Nesse segundo ano, estaremos em busca de muitas outras revelações…
MaisPB – Como você consegue se multiplicar nas coberturas de diversos eventos em João Pessoa?
Fábio Bernardo – Ufa! Nem eu mesmo sei responder rsrsrs… Mas hoje somos uma equipe de cinco pessoas – ou mais, muitas vezes – para cobrir a movimentação social intensa que acontece em João Pessoa. Sozinho ninguém chega a lugar nenhum!
MaisPB – Um dia você disse que não pretende envelhecer como colunista. Mas o jornalismo não para nunca. né?
Fábio Bernardo – Já não me considero um colunista social desde o encerramento das atividades do Jornal da Paraíba. Acho que é um conceito que ficou lá atrás… Hoje me classifico como comunicador ou criador de conteúdo digital, além de RP – na atividade das realizações de eventos de grandes marcas – e empreendedor do mercado de arte. Acredito que a migração vai acontecer aos poucos, como ocorreu com a mudança do impresso para o digital. Mas amo o que faço e vou esticar a corda até enquanto for feliz com essa escolha.
MaisPB – De sua iniciativa tivemos vários números do FB Post, uma boa sacada de impresso diferente. Essa publicação hoje é online?
Fábio Bernardo – Tenho muito amor por esse projeto, mas ele se foi com a pandemia… O mercado local não banca o custo – super elevado – do impresso. E online a comunicação cada dia mais precisa ser resumida. A sensação que tenho é: escreveu mais de três ou cinco linhas? Quase ninguém lê… Uma pena, mas é real!
O que não significa que não tenha outros projetos – bem interessantes – para renovar a linguagem nas redes sociais… Vem novidades boas por aí!
MaisPB – Você está casado com Nacho, um argentino, um homem de bem. Podemos falar dessa relação ainda tumultuada de preconceitos?
Fábio Bernardo – Falando de um lugar de privilégio, e fora do contexto familiar, nunca me deparei exatamente com uma situação de discriminação, embora tenha consciência de sua existência velada. No trabalho que sempre fiz, era e ainda é até um status ser gay, um sinônimo de bom gosto, de estar à frente do tempo, de ser moderno e antenado. E isso não me impede de comprar a briga contra a homofobia ou de entender o quanto o preconceito restringe direitos e ceifa vidas de gays, lésbicas e transexuais no Brasil. Somos o país que mais mata integrantes dessas comunidades no mundo, e isso é um dado cruel, vergonhoso e revoltante.
Os preconceitos nascem de lugares distintos: da ignorância, da falta de informação, da burrice mesmo; ou do desejo reprimido que a liberdade do outro traz como ameaça. INACEITÁVEL nos dias de hoje, mesmo quando se justifica que alguém “é de outro tempo”. NÃO É, todos que estamos vivos aqui vivemos nesse tempo e precisamos aprender o que ainda não sabemos sobre a diversidade humana! No casamento, eu e Nacho vivemos uma vida igual à de qualquer outro casal… Ele é homem bom, íntegro, que me faz ser melhor hoje do que fui ontem. E estamos felizes em ser quem somos.
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Fonte : Mais PB