Rio de Janeiro — Além de entreter, uma das funções máximas do cinema é não deixar a memória de um povo morrer. E é isso que toda a equipe do longa O Sequestro do Voo 375 entrega ao resgatar a história real do raptor de um avião da antiga Vasp, em 1988, com a intenção de derrubar a aeronave no Palácio do Planalto e matar o então presidente da República, José Sarney (1985-1990). Veja o trailer.

Na noite desse sábado (14/10), produção, direção e elenco prestigiaram a primeira sessão do filme, em première realizada na 25ª edição do Festival do Rio. Entre os convidados, estava Wendy Evangelista, filha do copiloto Salvador Evangelista, assassinado com um tiro na nuca, em pleno ar, pelo sequestrador. Em bate-papo com o Metrópoles,  a mulher que tinha apenas 8 anos quando perdeu o pai, se emocionou ao falar da sensação de reviver a tragédia familiar.


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“Foi muito intenso todo o processo, mas desde que o filme foi idealizado, fui tratada com muito carinho e de forma muito humana. Então eu entendi que assim também seria tratada a história. O processo foi me trazendo um turbilhão de emoções, mas de uma maneira positiva. O saldo foi sempre positivo”, explica Wendy.

Com os olhos marejados, Wendy confessou que estar no set de filmagens resgatou para ela muito mais que apenas a morte do pai, mas sim uma parte boa do seu passado. “Não é qualquer pessoa que tem a oportunidade de revisitar a sua própria infância.”

Mesmo tendo assistido a cortes do filme, antes da estreia oficial, Wendy contou durante a entrevista que sentia uma certa insegurança de ver o filme. “Não é uma coisa que vou estar preparada nunca. Todas as vezes que eu ver, vai me despertar algo diferente”, acredita. Apesar disso, o importante para ela é que as pessoas saibam que seu pai viveu intensamente e deixou um grande legado para os seus descendentes. “Ele colocou mais vida naqueles 34 anos, do que eu até hoje com 43. Eu sempre conto lembranças dele para meus três filhos, que já reconhecem as histórias e trejeitos dele. Ele conseguiu o tal feito da eternidade.”

Após a morte do pai, Wendy desenvolveu pânico de avião por um bom tempo. Se curou, formou-se psicóloga e hoje se especializou exatamente em tratar aerofobia. “Até o meu trabalho ainda hoje regula com a vida dele. Um filme não vai mostrar tudo que ele fez, mas se as pessoas conseguirem entender que ao longo de 8 anos ele foi capaz de deixar um legado tão grande para mim, fico feliz”, conclui.

*A repórter viajou a convite da produção do 25º Festival do Rio.

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Por Metrópoles

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