A Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) assinada pelo presidente Lula, destinada a utilizar militares para combater o tráfico de cocaína por facções criminosas, tem seu foco limitado a apenas três portos, localizados no Rio de Janeiro e São Paulo. No entanto, essa abordagem deixa de fora outros 410 portos brasileiros, responsáveis por cerca de 80% do transporte marítimo internacional no país.

O general da reserva Marco Aurélio Vieira, ex-secretário especial do Esporte no governo de Jair Bolsonaro, expressou preocupação com essa estratégia durante o programa Assunto Capital, do portal Gazeta do Povo. Segundo o general, essa abordagem pode fazer com que a criminalidade simplesmente migre para outros portos, pois o Brasil possui 8,5 mil quilômetros de costa.

“A ideia de focar apenas no porto do Rio de Janeiro e impedir o tráfico parece improvável quando consideramos a extensão de nossa costa. É como anunciar que, a partir de uma data específica, não permitirá que traficantes usem certos portos e aeroportos”, ressaltou o general Vieira.

Além disso, mesmo nos portos alvo da fiscalização da GLO, impedir efetivamente o tráfico internacional de cocaína é uma tarefa extremamente desafiadora. Isso ocorre porque é praticamente impossível fiscalizar todos os contêineres suspeitos sem causar um colapso no transporte marítimo do Brasil.

A procuradoria do Ministério Público de São Paulo, representada por Márcio Sérgio Christino, explicou que, devido à grande quantidade de contêineres movimentados nos portos, a operação da GLO provavelmente fiscalizará apenas cerca de 1% deles. A eficácia dos resultados esperados, portanto, é considerada improvável.

Entre janeiro e setembro do ano corrente, os portos brasileiros movimentaram cerca de 93,3 milhões de contêineres. O Porto de Santos, em particular, foi responsável por 26 milhões de unidades movimentadas. Apesar do uso de máquinas de raio-X para selecionar contêineres para inspeção, a verificação de cada unidade requer horas, uma vez que toda a mercadoria deve ser descarregada e recarregada manualmente.

O procurador ainda enfatizou que as facções criminosas, responsáveis pelo tráfico de cocaína nos portos nacionais, raramente se preocupam com essa fiscalização, uma vez que é altamente improvável que a Marinha identifique os contêineres carregados com cocaína sem informações prévias. Essas apreensões geralmente ocorrem devido a investigações anteriores e informações específicas.

Além disso, os portos onde a GLO atua representam apenas uma fração do transporte marítimo no Brasil, uma vez que a operação abrange 3 dos 413 portos e terminais portuários. Essa abordagem deixa de fora portos significativos, como o Terminal Marítimo de Porto Madeira e o Terminal de Tubarão, que movimentam centenas de milhões de toneladas.

Os portos são cruciais para a exportação de cocaína dos países andinos para a Europa por meio do Brasil, com destinos principalmente na Espanha e Portugal. A facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) é responsável por cerca de 90% dessa exportação, tendo feito uma aliança com produtores na Bolívia.

A GLO foi acionada em 1º de novembro como resposta a surtos de violência no Rio de Janeiro e na Bahia, embora esse estado nordestino não seja alvo das ações anunciadas. A operação, que teve início em 6 de novembro, está programada para continuar até 3 de maio de 2024.


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Fonte : Hora Brasilia

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