O general Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), explicou à CPMI do 8 de janeiro nesta quinta-feira (31) o que considerou como falhar do chamado Plano Escudo, que era o planejamento para evitar invasões no Palácio do Planalto durante os ataques aos Três Poderes.

Questionado pela relatora do colegiado, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), Gonçalves Dias descreveu o Plano Escudo: “É um plano que aborda medidas operacionais e administrativas para defesa do Planalto. O que são medidas operacionais? A senhora vê dentro de uma matriz de criticidade qual é a necessidade de tropa para fazer defesa face a uma ameaça. Então, esse é o Plano Escudo”.

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De acordo com o general, o plano foi ativado no dia 6 de janeiro, dois dias antes dos ataques às sedes dos Três Poderes.

“O Plano Escudo prevê, de acordo com a análise de criticidade, o emprego de um pelotão ou um batalhão. O batalhão gira em torno de 400 a 500 homens, dependendo da unidade. Mesmo que se colocasse o efetivo máximo de um batalhão aí, previsto no Plano Escudo do Planalto, com 5.000 manifestantes e a horda sendo despejada lá, só se a senhora utilizasse munição real que conteria isso daí”, argumentou o militar.

“Não adiantava sair batendo nas pessoas”

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Ao ser perguntado por Eliziane Gama a respeito da prisão dos criminosos que invadiram o Palácio do Planalto, Gonçalves Dias enfatizou que não era possível “sair batendo” nas pessoas.

“No início, não dava para fazer prisões e nós tínhamos que, na realidade, gerenciar aquela crise e retirar, evacuar as pessoas o máximo possível para que não houvesse depredações. E também gerenciar isso aí para não ocorrer mortes e feridos. Não adiantava sair batendo nas pessoas. As prisões foram feitas no segundo andar [do Planalto] quando chegaram os reforços”, pontuou o general.

Ex-GSI relata momento em que decidiu ir ao Planalto

Em seu depoimento, Gonçalves Dias narrou aos deputados e senadores o momento em que decidiu sair de casa e se dirigir ao Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro.

Segundo ele, o desencontro de informações que recebia de agentes de segurança o levaram a tomar a decisão de ir ao Planalto.

O ex-ministro informou manter contato àquela altura com Cíntia Queiroz de Castro, coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF); Carlos José Penteado, general do Exército e então secretário-executivo do GSI; e com Saulo Moura da Cunha, então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

No Palácio do Planalto, Gonçalves Dias diz ter encontrado o general Penteado. “Cobrei dele, com um palavrão, o motivo de o bloqueio não ter sido montado. O general Penteado não deu resposta à minha pergunta e saiu para montar o bloqueio. Avisei, no meio da confusão, o general Feitosa, secretário de Segurança e Coordenação Presidencial, o coronel Wanderli, diretor-adjunto do Departamento de Segurança Presidencial, e o coronel Garcia, coordenador-geral de Segurança de Instalações.”

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Em seguida, o general afirmou ter ligado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para informá-lo a respeito dos ataques aos Três Poderes. “Liguei também para o general Dutra, que era o Comandante Militar do Planalto. Pedi ao general Dutra que mandasse para o Palácio do Planalto, de imediato e com urgência, todo reforço que conseguisse reunir, ou seja, além do que foi pedido no Plano Escudo”.

Conforme Gonçalves Dias relatou à CPMI, o general Dutra teria conseguido enviar mais duas companhias, às 16h40 e 17h15.

“Bloqueio da PM-DF foi extremamente permeável”

“Ao desligar o telefone com o general Dutra, olhei para a direção do Plano Piloto e vi manifestantes começando a descer a pista do Ministério da Justiça, que é uma rampa. Assisti ao último bloqueio da Polícia Militar ser facilmente rompido antes que os vândalos chegassem ao Planalto. Aquilo não podia ter acontecido. Só aconteceu porque o bloqueio da Polícia Militar foi extremamente permeável”, declarou Gonçalves Dias.

“Os manifestantes romperam com facilidade o cordão de isolamento da PM e impediram a revista. Deveria existir depois daquele ponto um bloqueio total que impedisse o acesso à Alameda das Bandeiras e à Praça dos Três Poderes. Esse bloqueio aparentemente não existiu ou foi tênue, inexpressivo”, concluiu.

“Tendo conhecimento, seria mais duro na repressão”

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Ainda durante sua fala inicial (veja a íntegra aqui), G. Dias disse que teria sido mais combativo se soubesse as consequências dos ataques às sedes dos Três Poderes.

“Tendo conhecimento agora da sequência dos fatos que nos levaram até aquelas agressões de vândalos e também da ineficiência dos agentes que atuavam na execução do Plano Escudo, aprovado com a coordenação de diversos órgãos civis, militares e de segurança pública, seria mais duro do que fui na repressão.”

Faria diferente, embora tenha plena certeza de que envidei todos os esforços e ações que estavam ao meu alcance para mitigar danos e, o mais importante, preservar as vidas de cidadãs e cidadãos brasileiros, sem derramamento de uma gota de sangue, sem nenhuma morte”, completou o general.

Gonçalves Dias à CPMI do 8/1: “Quero pensar que não fui sabotado no GSI”

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Fonte : CNN BRASIL

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