O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, relatou frustração em relação a decisões de bancos centrais ao redor do mundo sobre juros. Haddad criticou movimentos do Banco Central dos Estados Unidos (FED), do Banco Central do Japão (BOJ) e do Banco Central do Brasil (BCB).

“Depois que passou o medo da subida, veio a incerteza do corte, que agora está se dissipando. E nesse meio tempo ainda vem o banco do Japão e sobe o juro depois de muitas décadas. E depois, lá nos Estados Unidos, declarações contraditórias da nossa diretoria do BC em relação ao próprio guidance, que tinha sido estabelecido no comunicado de março”, disse Haddad ao participar da abertura da 24ª edição do evento Valor 1000, do jornal Valor Econômico, nesta segunda-feira (16).

Apesar das críticas aos bancos centrais, Haddad reconheceu que o governo Lula “não ajudou” e “começou a falar coisas” que atrapalharam o discurso que vinha sendo construído a favor do corte de juros.

“Então, isso complicou um pouco junto. Teve uma série de desancoragens. O governo não ajudou. O governo também começou a falar coisas que contraditaram o próprio discurso que estava sendo construído […] Nós também erramos. Às vezes os erros são nossos. Mas é de fato o que está acontecendo: os juros vão cair fora”, disse o ministro.

“Está havendo uma desaceleração da economia mundial. Então vai haver corte de juros. A China, provavelmente, que está desacelerando forte, vai ter um pacote de estímulo. O Japão, que estava ameaçando aumentar os juros sem parar, já disse que não vai aumentar mais […] Essas considerações que o Banco Central vai ter que levar em conta para tomar uma decisão”, completou.

Haddad evitou comentários quando perguntado sobre as expectativas para o resultado da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que vai decidir sobre o patamar da taxa básica de juros (Selic), nesta quarta-feira (18). 

Haddad defendeu indicação de Galípolo

No mesmo evento, Haddad voltou a defender a indicação de Gabriel Galípolo para o comando do Banco Central (BC).

Para Haddad, o amigo foi indicado com base em critérios técnicos e não para fazer a vontade do presidente Lula (PT).

“Você não indica pensando o que ele vai fazer, o que ele deve fazer. Indica pensando que ele é o quadro que você conhece que melhor responderá ao desafio do momento […] Então, ele não estará lá para fazer o que o Fernando Haddad ou o presidente Lula [quer]“, afirmou.

Atual diretor de política monetária do BC, Galípolo atuou como secretário-executivo de Haddad em 2023. 

Antes de confirmar a indicação de Galípolo, Lula disse que quando o presidente do BC for substituído “as coisas vão voltar à normalidade”.

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Fonte : Gazeta do Povo

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