Um programa de IA (inteligência artificial) parece ser capaz de reduzir a carga de trabalho dos radiologistas na detecção do câncer de mama, segundo os primeiros resultados de uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (2), embora seja cedo para atestar sua eficácia.


Realizado na Suécia e publicado na The Lancet Oncology, o estudo conclui também que não há riscos no uso de IA para orientar as análises dos radiologistas.



Os pesquisadores separaram cerca de 80 mil mulheres em dois grupos de tamanhos semelhantes. 


Todas realizaram uma mamografia, mas o primeiro grupo foi acompanhado da forma convencional, ou seja, pelos olhos de dois radiologistas independentes, enquanto os dados dos segundo foram analisados primeiramente por uma IA e depois por apenas um radiologista. 


A análise feita pela IA não apresentou um desempenho pior e até mesmo detectou um maior número de tumores em seu grupo. Por outro lado, a taxa de “falsos positivos” — casos nos quais o primeiro exame detecta falsamente um câncer — foi similar. 


O uso desta tecnologia pode reduzir à metade a carga de trabalho destes médicos, porque o procedimento que envolve a IA precisa de apenas um radiologista.


Estes resultados são promissores, pois os exames de detecção são uma das principais formas de combater o câncer de mama. Em países como a França, os testes são muito frequentes entre mulheres de 50 a 74 anos, seguindo as recomendações europeias. 


“O grande potencial da IA neste momento é que poderia reduzir o estresse dos radiologistas pela quantidade excessiva de análises” de exames, disse Kristina Lang, radiologista da Universidade Lund, na Suécia, e autora principal do estudo. 


Porém, Lang acredita que esses promissores resultados preliminares não sejam “suficientes por si só para confirmar que a IA está pronta para ser implementada nas mamografias de triagem”, disse em um comunicado.


Apesar do estudo, é cedo demais para concluir a atuação da IA neste campo, e serão necessários vários anos para saber se é tão eficaz quanto a dupla opinião humana. 


Neste sentido, os pesquisadores preveem comparar, dentro de dois anos, a taxa de cânceres diagnosticados que não foram detectados nas análises. 


Os dados do estudo lançam luz sobre o risco de “sobrediagnóstico”, ou seja, a detecção de tumores que não teriam se convertido em perigosos sem tratamento. 


A questão do sobrediagnóstico concentra as críticas contra a política de testes generalizados, embora as pesquisas confirmem seu papel em reduzir a mortalidade por câncer de mama. 


O risco de sobrediagnóstico “deveria despertar a cautela em relação à interpretação dos resultados”, advertiu o oncologista Nereo Segnan, que não participou do estudo, em declaração a The Lancet Oncology, embora tenha reconhecido que a pesquisa é promissora.


Stephen Duffy, professor de detecção de câncer na Universidade Queen Mary, em Londres, que não participou do estudo, afirma que a IA pode ter diagnosticado em excesso certas formas de câncer de mama inicial, chamadas de carcinoma ductal in situ.


No entanto, elogiou a “pesquisa de alta qualidade” e disse que reduzir a carga de trabalho dos radiologistas é “uma questão de considerável importância” em muitos programas de detecção de câncer de mama.


Já completou 50 anos? Hora de fazer a mamografia


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R7

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