Israel pediu à Casa Branca que remarque uma reunião sobre a operação militar israelense planejada para a cidade de Rafah, no sul de Gaza, que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu havia cancelado inesperadamente, disseram autoridades nesta quarta-feira (27), em uma aparente tentativa de aliviar as tensões entre os dois aliados.

Netanyahu cancelou uma visita planejada de uma delegação israelense de alto escalão a Washington depois que os EUA não bloquearam a aprovação de uma resolução pedindo um cessar-fogo na Faixa de Gaza no Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira (25).

A ação marcou um novo período de turbulência em tempos de guerra nas relações entre o premiê e o presidente Joe Biden.

A suspensão da reunião desta semana colocou um novo obstáculo aos esforços dos EUA, preocupados com o aprofundamento da crise humanitária em Gaza, para que Netanyahu considere alternativas a uma invasão terrestre de Rafah, o último refúgio relativamente seguro para civis palestinos.

Nesta quarta-feira (27), a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse a repórteres: “O gabinete do primeiro-ministro [de Israel] concordou em remarcar a reunião dedicada” a Rafah.

“Portanto, agora estamos trabalhando com eles para definir uma data conveniente”, acrescentou.

Uma autoridade israelense em Washington, falando sob condição de anonimato, confirmou que uma nova reunião está sendo organizada e disse que Netanyahu considera enviar uma delegação já na próxima semana.

Não houve comentários imediatos do gabinete de Netanyahu.

Como será a reunião

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, manteve amplas discussões com funcionários de alta patente do governo dos EUA nesta semana e procurou baixar a temperatura entre os dois governos.

Gallant, embora não faça parte do círculo íntimo de Netanyahu, é um dos principais arquitetos da campanha militar contra o Hamas em retaliação ao ataque dos militantes em 7 de outubro, que, segundo Israel, matou 1.200 pessoas.

A resposta militar de Israel matou mais de 32 mil palestinos, segundo as autoridades de saúde do território administrado pelo Hamas.

A equipe israelense ainda será liderada pelo ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e pelo conselheiro de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, dois dos confidentes mais próximos de Netanyahu, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto.

Espera-se que as negociações se concentrem na ameaça de ofensiva de Israel em Rafah, onde mais de um milhão de palestinos deslocados estão abrigados.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, disse “sim” nesta quarta-feira quando questionado se os EUA acreditam que uma campanha militar limitada em Rafah pode derrubar os comandantes restantes do Hamas.

A Casa Branca afirmou na semana passada que pretendia compartilhar com as autoridades israelenses alternativas para eliminar os batalhões restantes do Hamas em Rafah sem uma invasão terrestre em grande escala que, segundo Washington, seria um “desastre”.

A ameaça dessa ofensiva aumentou as diferenças entre aliados próximos, os Estados Unidos e Israel, e levantou questões sobre se os EUA poderiam restringir a ajuda militar se Netanyahu desafiar Biden e prosseguir de qualquer maneira.

Biden, candidato à reeleição para as eleições de novembro, enfrenta pressão não só dos aliados dos EUA, mas também de um número crescente de integrantes do partido Democrata para controlar a resposta militar israelense em Gaza.

A decisão de Biden de se abster na ONU, ocorrida depois de meses de adesão à política de longa data dos EUA de proteger Israel no órgão mundial, pareceu refletir a crescente frustração dos EUA com o líder de Israel.

Netanyahu emitiu uma repreensão contundente, chamando a ação dos EUA de uma “retirada clara” de sua posição anterior e prejudicaria os esforços de guerra e as negociações de Israel para libertar mais de 130 reféns ainda detidos em Gaza.

Autoridades dos EUA disseram na época que o governo Biden ficou perplexo com a decisão de Netanyahu e a considerou uma reação exagerada, insistindo que não houve mudança na política.

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Fonte : CNN BRASIL

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