Fontes do Itamaraty disseram à CNN que o resultado final da declaração dos países amazônicos era o possível a ser alcançado dado o contexto interno que cada país tem em questões ambientais e de energia.

Na avaliação de fontes graduadas da diplomacia brasileira, evitar tratar da exploração de petróleo na Amazônia era algo necessário para os países que ainda dependem dessa matriz energética, ou que tem ainda potencial alto para explorá-lo.

O mesmo entendimento vale para a meta de desmatamento zero até 2030.

Para o Brasil, a defesa dessa meta era algo mais confortável do que para seus pares, já que o alvo de zerar o desmatamento consta inclusive no seu plano de combate ao desmatamento na Amazônia lançado em junho.

Trata-se, portanto, de um objetivo oficial já existente, que o governo brasileiro queria apenas transplantar para outros países.

A leitura geral dentre diplomatas brasileiros é que cada país tem seu próprio ritmo e realidade locais e que isso acabou prevalecendo sobre quaisquer concessões e negociações mais ousadas.

Autoridades oficiais, por outro lado, comemoram o fato de a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica ter sido reavivada com o evento e ter abordado diversos outros temas e conceitos que não vinham sendo discutidos entre os países.

Os diplomatas ouvidos pela CNN citam, por exemplo, o fato de os países terem incluído a necessidade de estabelecer uma agenda que envolve desde a educação na Amazônia até o saneamento em suas cidades, assim como a obrigatoriedade de que a sociedade civil e em especial os povos indígenas sejam inseridos nos debates sobre o futuro do bioma.

A entrada definitiva, no documento final, do conceito de não retorno também foi considerada uma vitória.

Esse ponto é o momento em que, devido ao desmatamento, degradação e mudanças climáticas, a Amazônia pode não se recuperar, iniciando um processo em que deixa de ser uma floresta úmida e vira outro ecossistema.

Para demonstrar que a cúpula passará do “eventismo” — a lógica de se fazer grande seventos ambientais sem consequências práticas — os países acertaram de ampliar recursos para a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e ampliar sua sede, que fica em Brasília.

Além disso, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, pretende reunir até outubro os ministros de Relações Exteriores para tentar avançar em uma posição conjunta para Conferencia Mundial do Clima, a COP, que ocorre em Dubai no final do ano.

O desafio daqui em diante será justamente apresentar metas mais ousadas e pautar com mais ênfase os grandes debates ambientais do mundo, como a exploração de petróleo, segundo relatos colhidos pela CNN, sob pena de nem mesmo os ativistas que acompanharam com bons olhos o evento desanimarem.

A entrevista coletiva que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, deu nesta tarde na em meio às reuniões da Cúpula demonstrou que a paciência dos ambientalistas com a ambiguidade do governo Lula com o petróleo na Amazônia está se esgotando.

Silveira, maior defensor público da ideia na Esplanada, foi pressionado a ponto de sua assessoria encerrar a entrevista sob protestos de todos e amparo de seguranças.

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Fonte : CNN BRASIL

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