Realmente tenho notado que o mundo mudou mesmo. No apartamento onde habito há sinais de penas de pássaros agora. Aqui é alto e não vinham passarinhos até aqui, só avistava aves maiores como o temível carcará e o tolo urubu em voos rasantes nas janelas do apê. Agora houve uma infestação de borboletas, lindas, de vários tamanhos e formas. Fico horas seguindo seu voo, nada mais confortante numa cidade calma como a nossa que tem sido testada constantemente com trovoadas históricas, tornados apocalípticos, chuvas sem precedentes e bólidos desafiadores, fenômenos que os mais antigos moradores desconheciam até então. Pois bem, estava muito feliz com a visita de um rouxinol por aqui e mais ainda com o meu observatório particular de mariposas e afins. Certa noite, acordei com uma coceira chata atrás da orelha, voltei a dormir e achava que estava tudo bem. Só que não, na manhã seguinte fui ao espelho reconferir minhas rugas e manchas solares amigas e eis que me deparo com brotoejas avassaladoras na minha pele do troco e acima. Liguei rapidamente para o consultório médico e fui de encontro ao dermatologista. Após muita pesquisa e perguntas ele fala que aquilo parecia muito com alergia a lepidópteros – rapidamente falou mais fácil e disse que eu estava provavelmente com dermatite da mariposa que é justamente uma reação alérgica às cerdas eliminadas pela mariposa, da espécie Hylesia, no momento do voo, caracterizada por lesões e coceira. As lesões duram até 15 dias e são caracterizadas por carocinhos vermelhos que causam coceira intensa, geralmente no pescoço, braços e mãos. Fui sorteado, bingooooo! Comecei a fechar portas e janelas cedo e apagar mais as luzes que atraem algumas espécies noturnas. Tratei-me bem e após a cura, fico admirando os lepidópteros de longe nos jardins alheios que por sinal estão cheios deles ainda. Confesso que me faz falta a admiração de perto, mas estou alimentando os rouxinóis.

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Fonte : Mais PB

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