A Apple está apostando em seus próximos recursos de inteligência artificial para impulsionar as vendas do iPhone, especialmente na China, onde a demanda tem diminuído. Mas há um problema: o ChatGPT – que é a base de grande parte dos planos da companhia – é banido na China.

Em uma apresentação no início deste mês, a Apple apresentou ao mundo a chamada Apple Intelligence, sua tecnologia para potencializar novos recursos de IA, e anunciou uma parceria com a OpenAI para integrar o ChatGPT à Siri.

A mudança sinalizou como a Apple está tentando diminuir a diferença na corrida pela IA contra rivais como Microsoft, Google, Meta e Samsung, que já encontraram sua base de IA. Um acordo com a OpenAI poderia ajudar a Apple a preencher essa lacuna.

Mas a China é um dos primeiros países do mundo a regulamentar a tecnologia generativa de IA que alimenta estes serviços populares.

Em agosto, a Administração de Ciberespaço da China, o principal órgão de fiscalização da Internet no país, lançou novas diretrizes para a indústria, exigindo que as empresas procurem aprovação antes da implementação.

A organização aprovou mais de 100 modelos de IA até março, todos de empresas chinesas.

De acordo com uma reportagem do Wall Street Journal de quinta-feira (20), a Apple está procurando uma empresa chinesa de IA para fazer parceria antes do esperado lançamento do iPhone em setembro, mas ainda não chegou a um acordo. A companhia não respondeu a um pedido de comentário.

A necessidade de encontrar um parceiro – e rapidamente – surge num momento em que as vendas de smartphones da Apple caíram impressionantes 10% no primeiro trimestre deste ano, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado IDC, em grande parte devido à queda acentuada nas vendas do iPhone na China.

A empresa perdeu impulso no país uma vez que o nacionalismo, uma economia difícil e o aumento da concorrência também prejudicaram as vendas. A China é o segundo maior mercado da empresa.

Problemas na UE

As limitações às novas ferramentas de IA da Apple não são exclusivamente da China.

Num comunicado enviado à CNN Internacional, a Apple disse que está “altamente motivada” para levar os recursos a clientes em todo o mundo, mas que também enfrenta desafios regulatórios na União Europeia.

A empresa disse que não acredita que será capaz de lançar os seus recursos de IA na Europa este ano.

“Devido às incertezas regulatórias provocadas pela Lei dos Mercados Digitais (DMA), não acreditamos que seremos capazes de lançar três desses recursos – iPhone Mirroring, melhorias de compartilhamento de tela SharePlay e Apple Intelligence – para nossos usuários da UE neste ano”, disse um porta-voz em um comunicado.

“Especificamente, estamos preocupados que os requisitos de interoperabilidade da DMA possam nos forçar a comprometer a integridade de nossos produtos de maneiras que colocam em risco a privacidade do usuário e a segurança dos dados”, acrescentou.

“Estamos empenhados em colaborar com a Comissão Europeia na tentativa de encontrar uma solução que nos permita fornecer estas funcionalidades aos nossos clientes da UE sem comprometer a sua segurança.”

Concorrentes

Na China, as preocupações em torno das vendas do iPhone continuam a aumentar, uma vez que o crescimento das vendas de smartphones da marca chinesa de smartphones Huawei foi de 70% no primeiro trimestre, de acordo com a Counterpoint Research.

Se uma solução não for encontrada até o outono, os consumidores chineses podem se sentir mal e optar por esperar até que possam obter a experiência completa de IA com a Apple, acrescentou ela.

“É muito provável que a Apple procure um parceiro local na China em vez da OpenAI, simplesmente porque é necessário. Os consumidores chineses esperam que seus telefones premium tenham as mais recentes funcionalidades de IA e podem hesitar em gastar mais de US$ 1.000 em dispositivos que não possuem todos os recursos de IA”, disse Nabila Popal, diretora sênior da IDC Research.

“O crescimento real da Apple na China virá no longo prazo, à medida que a Apple Intelligence evoluir, oferecendo mais casos de uso, estender o suporte a idiomas além do inglês e quando a Siri puder aproveitar outros modelos locais de IA para fornecer a função semelhante ao ChatGPT”, afirma Popal.

Entretanto, algumas empresas de IA na China podem ser mais adequadas para atingir os seus consumidores, oferecendo, por exemplo, mais dialetos locais do que os atualmente encontrados em modelos estrangeiros de IA, observou Reece Hayden, analista da ABI Research.

A Apple não seria a primeira empresa estrangeira a trabalhar com a Administração de Ciberespaço da China para IA e smartphones.

Em janeiro, a Samsung se associou ao gigante da tecnologia chinesa Baidu para utilizar o seu modelo de IA para ajudar a impulsionar o seu serviço de tradução. A marca sul-coreana também trabalha com com outra empresa de IA, Meitu, para ferramentas de edição de fotos.

Em outras partes do mundo, a Samsung usa sua própria tecnologia de IA, juntamente com o modelo de IA Gemini do Google, que também é proibido na China.

A Samsung, no entanto, representa menos de 1% do mercado total na China, segundo a Counterpoint Research.

Embora o tempo esteja passando para que a Apple garanta uma parceria antes do lançamento do software no outono, Jeff Fieldhack, diretor de pesquisa da Counterpoint, acredita que será capaz de fechar um acordo a tempo.

“A Apple deveria ser capaz de ter uma parceria alinhada muito rapidamente porque tem uma base instalada global muito forte, e seria uma joia para essas empresas trabalharem com eles”, disse Fieldhack, observando que em breve a Apple se estabeleceria como uma jogadora poderosa de IA no país.

Com informações de Joyce Jian, da CNN Internacional

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Fonte : CNN BRASIL

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