A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança Climática, criticou a Advocacia-Geral da União (AGU) pelo parecer favorável à exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, emitido na tarde de terça (22), e que abre caminho para a Petrobras perfurar um poço para testar o óleo disponível na região.

Durante uma audiência na manhã desta quarta (23) no Senado, Marina Silva disse que a análise do Ibama para emitir a licença ambiental à Petrobras se dá me maneira técnica, e não política.

“Eu sempre digo que o Ibama não dá licenças
políticas, dá licenças técnicas. Ele não facilita e nem dificulta. Existem
órgãos que se pronunciam tecnicamente. Alguém vai ficar teimando com a Anvisa
[Agência Nacional de Vigilância Sanitária] quando ela diz ‘não, esse remédio
aqui é toxico’?”, disse.

Segundo a ministra, existem órgãos que, em um
governo republicano, “a gente olha para o que a ciência está dizendo”. A
manifestação da AGU contraria a posição do Ministério do Meio Ambiente, que
entrou em atrito com o de Minas e Energia e gerou uma crise interna no governo.

Um pouco mais cedo, pelas redes sociais, Marina afirmou que o atual contexto ambiental é diferente de quando ela assumiu o ministério pela primeira vez, há 20 anos. De acordo com ela, antes não se tinha a clareza do que se tem agora “em relação aos graves problemas da perda da biodiversidade, da mudança do clima […] na relação e no imperativo ético de acabar com a oposição entre economia e ecologia e transformá-las numa mesma equação”.

“Naquela época (2003) eu já dizia que não se tratava de compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento. Tratava-se de integrar as duas coisas numa mesma equação”, afirmou.

O pedido para que a AGU analisasse a Constituição em busca de um precedente partiu do ministro Alexandre Silveira, que discordou do entendimento do Ibama para não emitir o licenciamento necessário.

“Além de fixar a interpretação relativa à
dispensabilidade do AAAS [Avaliação Ambiental de Área Sedimentar] para o
licenciamento ambiental, a AGU também encaminhou à Câmara de Mediação e de
Conciliação da Administração Pública Federal (CCAF) solicitação de abertura de
processo administrativo de conciliação entre os órgãos federais envolvidos no
assunto”, disse a AGU no parecer.

A AAAS é uma avaliação contratada pelo governo
para avaliar o impacto socioambiental da exploração de petróleo em uma
determinada região. A falta deste estudo foi um dos motivos que levou o Ibama a
negar duas vezes a licença para a Petrobras perfurar o bloco FMZ-59, localizado
na Margem Equatorial a 175 quilômetros da foz do rio Amazonas.

A exploração da bacia na foz do rio Amazonas é considerada essencial pelo governo para manter a produção de petróleo da Petrobras após o esgotamento das jazidas do pré-sal no Sudeste, e que, segundo um dos diretores da empresa, vai permitir a extração do óleo por mais 40 anos.

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Fonte : Gazeta do Povo

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