Receber informações autênticas e atuais sobre a prestação de serviços públicos na área oncológica no cenário pós-pandemia, conhecer a previsão de investimento para os próximos anos e debater as maiores dificuldades encontradas no combate e controle da doença. Esse foi o propósito de audiência pública realizada na tarde dessa quarta-feira (8) na Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU). Organizado pela Câmara de Direitos Sociais e Fiscalização de Atos Administrativos em Geral do Ministério Público Federal (1CCR/MPF), o debate reuniu procuradores, especialistas das comunidades médica, farmacêutica e acadêmica, representantes de órgãos e entidades que atuam no enfrentamento de doenças oncológicas, além de hospitais de referência no combate à doença.

O câncer é hoje a segunda doença que mais mata no Brasil, atrás apenas de doenças cardiovasculares. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que, entre os anos de 2023 e 2025, mais de 2 milhões de pessoas serão diagnosticadas com a doença no país, uma média de mais de 700 mil casos para cada ano. Os dados evidenciam a necessidade urgente de uma mudança na estratégia de combate à doença, adotando como foco a prevenção, o rastreamento de casos em potencial e o diagnóstico precoce que possibilite melhores resultados no tratamento e aumento no índice de cura dos pacientes.

Em consonância com a posição defendida pelos especialistas, o procurador da República Alexandre Schneider, coordenador do Subgrupo Oncologia, vinculado ao Grupo de Trabalho (GT) Saúde da 1CCR/MPF, sustentou que a solução para o problema é complexa. De acordo com ele, para que se possa reverter o cenário observado no Brasil hoje, é imprescindível que haja uma melhoria na gestão governamental no que diz respeito à aplicação de recursos públicos para prevenção e diagnóstico precoce. “Quanto mais prematuro for o diagnóstico e o tratamento, maiores as chances de resolutividade para os pacientes e também de economia de recursos públicos”, ponderou.

Desafios – Além da necessidade de mudança na abordagem adotada no enfrentamento do câncer, os participantes apontaram outros elementos que contribuem para o alto índice de óbitos pela doença no país. Entre eles estão o subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS), a falta de assistência adequada oferecida em grande parte dos municípios do país, obsolescência de equipamentos e sistemas de informação insuficientes. 

Os efeitos da pandemia de covid-19 para pessoas com câncer também foi objeto de discussão. Além da subnotificação observada em virtude das medidas de contenção do vírus, os especialistas atestaram que houve represamento dos diagnósticos, ou seja, muitos casos foram identificados de forma tardia, prejudicando o tratamento dessas pessoas. 

Soluções propostas – Como possíveis medidas de mitigação dos problemas analisados, os participantes defenderam a ampliação do acesso ao diagnóstico precoce por meio do fortalecimento da atenção primária à saúde. Também apontaram como fator primordial a qualificação dos profissionais para que possam identificar os sinais da doença ainda em estágio inicial, proporcionando assim maiores chances de cura aos pacientes. 

Os especialistas também defenderam maior investimento financeiro no SUS, revisão de protocolos assistenciais de saúde e a incorporação de novas tecnologias que possibilitem um diagnóstico mais célere. Além disso, salientaram a necessidade de desenvolvimento de sistemas de informações para o melhor acompanhamento da situação dos pacientes, bem como a adoção de critérios mais adequados de priorização no atendimento dessas pessoas, considerando a gravidade de cada caso. 

O conjunto de propostas apresentadas e debatidas durante a audiência pública será consolidado em documento pelo GT Saúde da 1CCR/MPF e, somado ao material utilizado nas apresentações, servirá como subsídio para a atuação da instituição na temática de saúde pública, especificamente relacionada ao câncer.

 

Fonte: Ascom/MPF


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Fonte : Repórter PB

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