Diógenes estava lavando legumes quando Platão se aproximou e disse: “Diógenes, você sabe que se fizesse a corte a Dionísio, Rei de Siracusa, não precisaria lavar legumes, não?” Diógenes olhou para Platão de soslaio e respondeu: “Sim, Platão. Mas, se você lavasse legumes, não precisaria fazer a corte a Dionísio.”

Encontrei a passagem acima no ótimo livro “O Destino é o Caminho”, de Ricardo Rangel, um relato sobre sua experiência no Caminho de Santiago. Daí resolvi usar este texto como base para gente tratar do famoso puxa-saco, infelizmente muito presente nas organizações.

Esse infeliz é o oposto completo do líder de valor que tanto admiramos. O verdadeiro líder de valor sabe usar sua influência para elevar as pessoas, enquanto o líder sem valor eleva sua influência para usar as pessoas. O bajulador só joga para cima.

Na verdade, não serve nem mesmo para cima, pois todo mundo que puxa saco acaba também puxando o tapete. É que nem carvão, apagado ele te suja, aceso ele te queima. Mas isso normalmente só fica evidente com o passar do tempo, quando a vaca já está indo para o brejo.

Como quem não tem bom samba enredo tem que caprichar na alegoria, o disfarce vai ficando cada vez mais criativo. Então, o importante é agir enquanto é tempo, afinal todos estão sendo usados em benefício do infeliz, mesmo que não pareça.

Se você é gestor de alguém assim é bom saber que é sua reputação que está indo para o ralo. Não existe puxa-saco que não seja um contumaz mentiroso. Para te agradar, ele mente sobre performance, resultados, pessoas, negócios…. Isso vai ficando cada vez mais evidente, mas você, inebriado pelo prazer, talvez seja o último a notar. Mas, como você teve algum prazer, pelo menos a dor não deveria incomodar tanto. Mas vai machucar, pode ter certeza.

O problema maior é para quem está na gestão do infeliz e tem que vivenciar esse horror, pelo menos até partir para uma melhor. A turma tem que fingir que não vê, tem que esconder o que vê e tem que esconder de se fingir, pois para um bom puxa-saco a única coisa que ele enxerga é bajulação também. Já que o chefe finge que é o tal, a turma finge que talvez dê certo.

E finge que joga, como bem definiu o mestre Vampeta. Mas usa todo o tempo livre entre orações e contatos, usando mensagens privadas e fingindo de se esconder, até encontrar uma nova missão, com alguém de valor. Daí, bola para frente que ninguém gosta de ver o time ser rebaixado e ter um técnico despreparado.

Esse é mais um líder tóxico que conhecemos bem, mas como tudo e todos passam, essa coisa também vai passar. E se Deus quiser a tempo de não passar por cima de todos. Bem disse o ex-presidente dos EUA, Abraham Lincoln (1808-1865): “você consegue enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar a todas por todo o tempo”.

E a vida segue!

Leonel Andrade é mentor, palestrante e articulista do NeoFeed. Atuou por 40 anos no mundo corporativo, tendo sido por duas décadas CEO de empresas como Losango, Credicard, Smiles e CVC Corp. Foi também conselheiro de Vibra e Redecard, sempre reconhecido pela sua liderança, formação de times e desenvolvimento de executivos.

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