Os depoimentos dos ex-comandantes Freire Gomes (Exército), Almir Garnier (Marinha) e Carlos Júnior (Aeronáutica) à Polícia Federal (PF) foram divulgados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira, 15, sobre uma suposta tentativa de golpe encabeçada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

A seguir, os principais trechos das declarações dos militares.

Versão do ex-comandante da Aeronáutica sobre Bolsonaro e “golpe”

Conforme o brigadeiro Junior, durante uma reunião, “aventou-se a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de institutos previstos na Constituição, Garantia da Lei e da Ordem (GLO), ou Estado de Defesa e Estado de Sítio”. “O então comandante do Exército, Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República”, diz trecho do documento da PF.

O ex-comandante da Aeronáutica relatou ainda outra reunião na qual ele próprio contou ter sido claro com Bolsonaro sobre não participar de nenhuma tentativa de ruptura institucional, e que não haveria nenhuma hipótese de o chefe do Executivo permanecer no cargo.

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro, durante a cerimônia no TSE que o diplomou como presidente da República – 10/12/2018 | Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

“Em outra reunião de comandantes das Forças com o então presidente da República, o depoente deixou evidente a Jair Bolsonaro que não haveria qualquer hipótese do então presidente permanecer no poder após o término do seu mandato”, informa o texto. “Que deixou claro ao então presidente Jair Bolsonaro que não aceitaria qualquer tentativa de ruptura institucional para mantê-lo no poder.”

O depoimento revelou ainda que, em 1º de novembro de 2022, dois dias após o segundo turno das eleições, houve uma reunião de chefes das Forças Armadas com Bolsonaro. O objetivo, segundo Junior, era expor ao presidente que não havia ocorrido fraude e que era preciso reconhecer o resultado das eleições de 2022, “com o objetivo de acalmar o país”.

Exército

Segundo Freire Gomes, ele respondeu à PF “que se recorda de ter participado de reuniões no Palácio da Alvorada, após o segundo turno das eleições, em que o então presidente da República, Jair Bolsonaro, apresentou hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO, Estado de Defesa e Estado de Sítio em relação ao processo eleitoral”.

De acordo com o militar, o almirante Garnier foi o único comandante de Força a demonstrar apoio a Bolsonaro. Enquanto Freire e Junior ressaltaram a falta de suporte jurídico para as intenções do então presidente, o general disse se recordar que Garnier “teria se colocado à disposição do presidente da República”.

Freire Gomes citou um encontro, em 14 de dezembro, no qual o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, teria apresentado uma nova versão de decreto, ainda mais abrangente do que o sugerido por Bolsonaro anteriormente. Nele, também constariam a decretação de Estado de Defesa e a criação de uma Comissão de Regularidade Eleitoral para “apurar a conformidade e legalidade” do pleito de 2022.

Outro nome citado por Gomes foi o de Anderson Torres. O general afirmou que o ex-ministro da Justiça tinha a função de detalhar “o suporte jurídico para as medidas que poderiam ser adotadas”. O militar também confirmou que uma “minuta” apreendida na casa de Torres trazia o mesmo texto discutido internamente da reta final do governo Bolsonaro.

Marinha

À PF, Garnier permaneceu em silêncio.

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Fonte : Revista Oeste

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