À Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) preso nesta quarta-feira (9), e Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), negaram que as operações realizadas pela PRF no segundo turno das eleições presidenciais de 2022 tenham interferido no processo eleitoral.

Silvinei foi preso nesta manhã no âmbito da Operação Constituição Cidadã. Segundo a Polícia Federal (PF), o objetivo da ação é esclarecer o suposto uso da máquina pública para interferir no processo eleitoral do ano passado.

Conforme as investigações, integrantes da PRF teriam “direcionado recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores no dia 30 de outubro de 2022”.

Silvinei: “Ninguém deixou de votar por causa de operação”

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No último dia 20 de junho, Silvinei foi o primeiro depoente a ser ouvido pela CPMI do 8 de janeiro no Congresso Nacional. Aos membros da comissão, ele negou qualquer ilegalidade nas blitze realizadas pela PRF, especialmente na região Nordeste, no dia 30 de outubro passado.

Não existe registro de qualquer cidadão brasileiro que deixou de votar no dia 30 por um trabalho de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal. Nenhum ônibus foi recolhido. Os ônibus eram para eleitores, não poderia haver qualquer tipo de diferenciação de ‘candidato A’ ou ‘candidato B’. Neste dia, não foi registrado no Brasil nenhum acidente com vítimas graves em razão do trabalho que a gente fez”, afirmou Silvinei.

De acordo com o ex-diretor-geral da PRF, o número de veículos fiscalizados no Nordeste foi menor do que os registrados nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país.

O Nordeste, junto com o Norte, foram os locais em que a polícia menos realizou fiscalização. Onde mais se fiscalizou foi no Sudeste, depois no Sul, no Centro-Oeste, e o Nordeste – empatado com o Norte – ficou na quarta posição. Nós tivemos, em média no Nordeste, 26,5 veículos fiscalizados por ponto de fiscalização”, declarou Silvinei.

Ao ser questionado pela relatora, senadora Eliziane Game (PSD-MA), Silvinei disse que nunca utilizou seu cargo para benefício político ou eleitoral de Bolsonaro. Com relação a fotos tiradas com o ex-presidente, Silvinei destacou que elas foram usadas em seus momentos de folga.

“Se fosse assim, nós teríamos que afastar metade dos servidores públicos daquela época e de hoje também. Eu nunca citei o nome do presidente Lula, nunca denegri a imagem, nunca falei nada, nunca postei nada, porque para um policial ele é a autoridade. E as fotos que eu tenho com Bolsonaro é porque ele me permitiu tirar, utilizei na minha hora de folga, e o cargo nunca foi usado em benefício meu e muito menos dele. Não seria que iria mudar o resultado da eleição”, acrescentou.

Pedido de voto em Bolsonaro

Na véspera do segundo turno das eleições, Silvinei publicou em suas redes sociais uma imagem (veja abaixo) com a foto da bandeira do Brasil e escreveu: “Vote 22, Bolsonaro presidente”. A publicação foi apagada horas depois.

Ao ser questionado na CPMI sobre o pedido de voto em Bolsonaro, Silvinei afirmou que apagou a publicação para “evitar polêmica”.

“Eu postei a bandeira do Brasil e aí como começaram algumas críticas na imprensa, eu fui lá e apaguei. Mas era a minha rede social, no sábado, que eu estava de folga, com meu celular e usando a minha internet. [Apaguei] para evitar polêmica“, completou.

Torres: “Eu não tinha atribuição de vetar o planejamento”

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Ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres concedeu depoimento à CPMI na terça, 8 de agosto, um dia antes da prisão de Silvinei Vasques.

Em sua fala, ele negou que tenha havido interferência do Ministério da Justiça no planejamento operacional da PRF no segundo turno das eleições.

Torres estava nos Estados Unidos durante o ataque aos Três Poderes. Ele teve sua prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ainda no exterior, e cumpriu quatro meses de prisão após desembarcar no Brasil no dia 14 de janeiro.

Em 11 de maio, Alexandre de Moraes concedeu liberdade provisória a Torres. Em sua ida à CPMI, ele inclusive utilizou tornozeleira eletrônica, uma medida cautelar imposta pelo ministro do Supremo.

“Gostaria de esclarecer que não houve interferência do Ministério da Justiça no planejamento operacional da PRF e que a informação recebida do diretor-geral [Silvinei Vasques] era de que o planejamento do segundo turno tinha sido semelhante ao primeiro turno. Ninguém deixou de votar, e o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reconheceu isso”, afirmou Torres.

O ex-ministro da Justiça declarou que não poderia vetar o planejamento operacional da PRF apresentado por Silvinei, além de reiterar que tudo transcorreu normalmente na data do segundo turno.

“Eu não tinha a atribuição de vetar o planejamento operacional de qualquer instituição. Todas as informações que recebi na data de 30 de outubro indicavam que tudo estava transcorrendo normalmente. Isso acabou sendo confirmado pelas entrevistas de autoridades da Justiça Eleitoral após encerrada a votação”, acrescentou Torres.

Prisão de Silvinei preocupa aliados de Torres

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Segundo apuração da analista da CNN Basília Rodrigues, a prisão de Silvinei nesta quarta-feira causou preocupação em aliados de Torres, que negam a existência de uma combinação para prejudicar as eleições de 2022.

Para pessoas próximas do ex-ministro, “algo grave” deve ter sido descoberto pela investigação, o que justificaria a ordem de prisão preventiva contra Silvinei, quando não há prazo determinado para acabar.

O ex-diretor-geral da PRF foi preso em casa, em Florianópolis, e, como a CNN apurou, será levado para Brasília.

Na estrutura de governo, a PRF é subordinada ao Ministério da Justiça. Apesar disso, aliados de Torres afirmam que ele tem um álibi: dizer que a PRF possui autonomia funcional.

Neste sentido, não caberia ao então ministro da Justiça definir o planejamento de atuação das equipes.

Oficialmente, Torres afirma que, às vésperas do segundo turno das eleições, esteve na Bahia devido a obras na superintendência da PF.

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Fonte : CNN BRASIL

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