Mirou-se.
Nos olhos.
Conseguiu ir além da imagem refletida.
Não havia espaço para autocomiseração ou condescendência.
Viu tudo. O preto e o branco.
Estava tudo meio que às avessas.
Mas ela mergulhou na imagem.
Pôs cada coisa irreal na perspectiva da realidade e viu tudo.
O ontem, o hoje e previu um pouco do amanhã.
Nessa hora, quebrou o espelho.
Preferia o País das Maravilhas.
Mas já era um pouco tarde.
Não tinha como “desver”.
Abaixou. Pegou um dos cacos quebrados do espelho.
Levá-lo novamente diante dos olhos não foi fácil.
Mas o fez. Lentamente.
Para evitar a catástrofe, precisava voltar no tempo.
Não seria mais possível.
Ainda tentou conversar com o tempo, assim como Alice.
Ele foi irredutível.
Disse em alto e bom som que, para ela, só restava o amanhã.
Daquele dia em diante, ela resolveu que nunca mais viveria sem o espelho.
Ah, se ela não o tivesse ignorado antes…
Guardou o pequeno pedaço que sobrou.
Antes, porém, deu um sorriso e ficou em paz.
Afinal, para o amanhã, o espelho estaria sempre ali.
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Fonte : Mais PB