Se você não gosta de mergulhar em números ou tem coisa mais importante a fazer do que gastar seu tempo analisando pequenas diferenças para um lado e para o outro (pesquisas-bolero, dois pra lá, dois pra cá), resumo o que o Datafolha e o IPEC (ex-Ibope) descobriram esta semana: se a eleição presidencial fosse hoje, Lula derrotaria Bolsonaro com 7 milhões de votos de vantagem.

Em  outubro de 2022, Lula teve a mais do que Bolsonaro 2 milhões de votos. Foi a vitória mais apertada desde o fim da ditadura militar de 64 que durou 21 anos. Taokey? O resto serve para animar discussões em mesas de bares ou em rodas de conversa na televisão. Ah, ao cabo do seu primeiro ano de governo, qual era o percentual de ótimo e bom do presidente Fernando Henrique Cardoso?

E o do próprio Lula em 2003? E o de Dilma, que o sucedeu? E o de Bolsonaro que sucedeu a Temer? Uma curiosidade: o percentual mais alto de ótimo e bom ao cabo do primeiro ano de governo foi de Dilma – mais de 60%, logo de Dilma que não completou o segundo mandato porque o Congresso decidiu derrubá-la, como antes, no início dos anos 1990, derrubou Fernando Collor.

Lula foi dado como politicamente morto muitas vezes ao longo dos seus 78 anos de vida. A ditadura militar pensou ter-lhe aplicado um golpe mortal ao depô-lo da presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo em 1980, prendendo-o mais tarde e processando-o. Lula disputou a presidência da República três vezes seguidas, só se elegendo na quarta.

O escândalo do mensalão do PT estourou no terceiro ano do seu primeiro governo. Convencida de que seria melhor deixá-lo sangrar até o fim ao invés de arcar com o custo político de derrubá-lo,  a oposição armou o camarote para assistir à sua queda. Foi o que bastou para que Lula se recuperasse, se reelegesse, elegesse Dilma e a ajudasse a se reeleger. Não morreu daquela vez.

Nem morreu da vez seguinte quando foi acusado de corrupção, preso e condenado, e tirou 580 dias de cadeia em Curitiba. “Eu voltarei”, disse o próprio Lula, e poucos acreditaram. E não é que voltou? E não é que pretende repetir a dose em 2026? E não é que até seus adversários, no escurinho dos gabinetes e sob anonimato, reconhecem que se a economia tiver jeito, ele se reelegerá?

(E a guerra no Oriente Médio, hein? Israel mandou os palestinos da Faixa de Gaza se deslocarem para o Sul uma vez que iria bombardear o Norte – mais de 1,5 milhões obedeceram. Agora, bombardeia o Sul. Já morreram quase 18 mil palestinos, 70% deles mulheres e crianças. Não têm mais para onde ir. Os Estados Unidos reclamam da barbaridade e vendem a Israel seus mísseis mais potentes.)

(E Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, hein? Uma vez ditador, sempre ditador. Às vésperas de uma eleição onde corre o risco de ser derrotado, se é que não a cancelará alegando qualquer coisa, promete invadir a Guiana, rica, riquíssima em petróleo. Maduro é amiguinho de Lula. Se Lula não o convencer a renunciar à aventura, perderá a condição de principal líder da América do Sul.)

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Por Metrópoles

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