O partido Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, não deve ganhar a maioria dos assentos da Assembleia Nacional no segundo turno das eleições parlamentares, que acontecerão no próximo domingo (7), de acordo com uma pesquisa da Harris Interactive para a revista Challenges desta quarta-feira (3).

Assim, o levantamento sugere que os esforços dos principais partidos franceses para frear a ultradireita no país podem funcionar.

A pesquisa, a primeira publicada depois que políticos de todas as linhas partidárias formaram uma frente anti-RN, mostrou que o partido ficaria aquém dos 289 assentos necessários para controlar a Assembleia Nacional, que tem 577 assentos.

O RN e seus aliados devem obter de 190 a 220 assentos, de acordo com a pesquisa, enquanto os Republicanos de centro-direita (LR) ganhariam 30 a 50 assentos.

Isso poderia descartar a possibilidade de um governo minoritário de ultradireita apoiado por parte do grupo parlamentar LR.

A pesquisa foi publicada depois que mais de 200 candidatos em todo o espectro político retiraram suas candidaturas para abrir caminho para quem estivesse melhor posicionado para derrotar o candidato do RN em seu distrito eleitoral, em um processo conhecido como “frente republicana”.

Antes das desistências, os pesquisadores calcularam que o Reunião Nacional estava no caminho para conseguir entre 250 e 300 assentos.

Perguntada se temia que o RN fique aquém do número de 289 assentos necessários para uma maioria absoluta, Le Pen disse à TF1 TV: “Não, estou muito confiante. Os franceses têm um desejo real de mudança”.

Frente republicana

Após as desistências, havia 92 disputas de três ou quatro vias políticas, de acordo com uma contagem da Reuters.

As disputas de três vias políticas favorecem o RN, enquanto as disputas de duas vias são vistas como melhores para a aliança anti-RN, dizem os especialistas.

A pesquisa Harris mostrou que a aliança esquerdista Nova Frente Popular deve ganhar de 159 a 183 assentos, enquanto a aliança Together, do presidente Emmanuel Macron, alcançando de 110 a 135 assentos.

Vários outros partidos ganhariam de 17 a 31 assentos.

O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, um aliado próximo de Macron, disse mais cedo nesta quarta-feira (3) acreditar que a tentativa multipartidária de fazer com que a ultradireita do RN não tenha a maioria pode ter sucesso.

Gabriel Attal observa enquanto presidente da França, Emmanuel Macron, fala durante visita a escola em Orange, no sudeste da França / 01/09/2023 Ludovic Marin/Pool via REUTERS

No entanto, ele rejeitou sugestões de que os centristas de Macron poderiam tentar formar um governo multipartidário no caso de um Parlamento suspenso, propondo que os moderados na Assembleia trabalhem juntos para aprovar legislações caso a caso.

“O que essas desistências mostram é que podemos evitar uma maioria absoluta para a extrema direita”, destacou Attal à rádio France Inter.

“Espero que o campo do Ensemble (aliado a Macron) seja o maior possível. Depois disso, buscaremos garantir maiorias em uma base projeto a projeto”, explicou.

Macron nega coalizão com partido de Jean-Luc Melenchon

Em uma reunião de gabinete na terça-feira (2), Macron rejeitou a opção de uma coalizão que incluiria o partido France Unbowed (LFI), de Jean-Luc Melenchon, considerado por alguns de esquerda radical, segundo um participante do encontro. Não ficou claro se ele mencionou outras opções de coalizão.

Os comentários ressaltam que, mesmo que o RN não chegue ao poder, a França pode enfrentar incerteza política até o fim do mandato de Macron, em 2027, quando Le Pen, do RN, deve disputar a Presidência.

A questão gora é se os eleitores apoiarão o esforço para frear o RN.

Os eleitores centristas podem hesitar em apoiar um rival de extrema esquerda contra o Reunião Nacional, enquanto muitos apoiadores de esquerda estão tão desiludidos com Macron que não apoiarão alguém de sua aliança.

Le Pen afirmou que poderia entrar em contato com outros partidos se o RN não obtiver uma maioria absoluta. Sua escolha para primeiro-ministro, Jordan Bardella, disse que se recusaria a formar um governo sem um mandato suficientemente forte.

Reunião Nacional vence primeiro-turno

O RN saiu bem à frente na votação do primeiro turno, depois que a aposta de Macron em uma eleição antecipada parece ter falhado, deixando seu campo centrista em um modesto terceiro lugar, atrás do RN e de uma aliança de esquerda formada às pressas.

Le Pen trabalhou durante anos para suavizar a imagem do Reunião Nacional, mas grupos citam preocupações sobre sua “preferência nacional” e políticas anti-imigrantes, enquanto seu profundo euroceticismo representaria sérias ameaças à futura integração europeia.

Marine Le Pen durante discussão sobre proposta de reforma da Previdência no Parlamento da França em Paris / 17/02/2023 REUTERS/Sarah Meyssonnier

Ela sinalizou planos para reverter as reformas de Macron, como sua medida impopular de aumentar a idade de aposentadoria, mas economistas questionam se os planos de gastos do RN.

Os mercados financeiros foram tranquilizados pela tentativa de criar uma chamada “frente republicana” contra o partido de Le Pen, reduzindo o prêmio de risco da dívida soberana da França.

“A estratégia limitaria significativamente as chances de Le Pen ganhar uma maioria absoluta”, avaliou o economista-chefe da Jefferies para a Europa, Mohit Kumar, em uma nota.

O Reunião Nacional atacou a tentativa multipartidária de derrotá-la como antidemocrática e uma tentativa de minar os desejos dos eleitores. Bardella disse ao jornal Le Figaro: “A verdadeira ‘frente republicana’ somos nós”.

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Fonte : CNN BRASIL

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