A operação da Polícia Federal (PF) que teve o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como alvo pode ter, além das investigações em curso, consequências políticas, como uma CPI na Câmara, segundo deputados governistas ouvidos pela CNN.

A base do governo na Casa já se mobiliza para ressuscitar a investigação do suposto esquema de venda ilegal de joias recebidas como presente durante viagens oficias do ex-mandatário.

A ideia ganhou força após a operação, que atingiu Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, e seu pai. Além deles, o ex-advogado de Bolsonaro Frederick Wassef também foi alvo da PF na operação. Ele teria comprado de volta um relógio vendido por Cid ilegalmente, segundo a PF.

Por causa das investigações, Bolsonaro teve a quebra de seus sigilos bancário e fiscal solicitados pela PF.

O recolhimento de assinaturas para a instauração da CPI começou em meados de abril, quando veio à tona o caso das joias recebidas pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro da Arábia Saudita. Mas ela ficou de lado com as negociações para a instalação da CPMI do 8 de janeiro.

Investigações da PF reaquecem o caso

Segundo a PF, os suspeitos são investigados por utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues de presente por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens em países do exterior.

A investigação apontou, até o momento, que os valores obtidos dessas vendas ilegais foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados.

A PF apura se Mauro Cid teria vendido e depois recomprado um relógio Rolex avaliado em US$ 68 mil (mais de R$ 300 mil pela cotação atual).

Ele teria vendido os primeiros itens em 13 de junho de 2022. Segundo a operação, ele levou para os Estados Unidos presentes recebidos pelo Estado brasileiro já com a intenção de vendê-los.

Cid teria transportado os objetos no mesmo avião presidencial em que Jair Bolsonaro viajou para Orlando, em 30 de dezembro do ano passado, na véspera do fim de seu mandato.

VÍDEO – Análise: PF pede ao STF a quebra de sigilo bancário de Bolsonaro

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O ex-ajudante de ordens chegou a dizer, em áudio obtido durante a investigação da PF, que seu pai, Mauro Lourena Cid, estaria em posse de US$ 25 mil, o equivalente a pouco mais de R$ 122 mil.

O dinheiro supostamente pertencia ao ex-presidente e deveria ser entregue em espécie para evitar movimentações em contas bancárias.

Após o início do escândalo no início do ano, o Rolex teria sido recuperado, no dia 14 de março de 2023, pelo advogado Frederick Wassef, que retornou com o bem ao Brasil, em 29 de março de 2023, e o entregou de volta para Mauro Cid.

Agora, a PF deve apurar também de onde saiu o dinheiro para a recompra das joias.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro vai ser chamada para depor no inquérito. Algumas das joias envolvidas no caso teriam sido dadas de presente para ela.

A PF teve acesso a um diálogo, por áudio, de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Marcelo Câmara, assessor especial do ex-presidente, indicando que um presente teria “sumido com a dona Michelle [Bolsonaro, ex-primeira-dama]”.

VÍDEO – PF compartilha com FBI investigação sobre joias

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PF suspeita que Bolsonaro determinou esquema para vender presentes oficiais

O relatório da PF que embasou a operação apontou que Jair Bolsonaro “determinou” que as joias do acervo da Presidência da República recebidas de autoridades árabes fossem direcionadas para o seu acervo privado.

Além disso, a investigação indica que o material deveria ser vendido e o dinheiro repassado “em espécie” para o ex-presidente.

No fim da noite de sexta-feira, a PF pediu ao STF a quebra dos sigilos fiscal e bancário do ex-presidente, informaram à CNN autoridades ligadas à investigação.

A avaliação é de que já há situações — ainda não reveladas — que envolvem mais fortemente o ex-presidente no caso.

Fontes informaram à CNN também não haver pressa em ouvir os investigados e que já haveria muita prova contra eles.

Em nota, os advogados de Bolsonaro afirmaram que o ex-presidente “jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos”.

*Publicado por Pedro Jordão, da CNN.

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Fonte : CNN BRASIL

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