A prisão em flagrante da advogada Erica Fernanda Rodrigues dos Santos, 31 anos, quando tentava burlar a segurança do Presídio do Distrito Federal II (PDF II) e entregar 124 gramas de maconha e cocaína para três detentos, é apenas a ponta de um esquema meticuloso, criado para fomentar o tráfico de drogas dentro do complexo penitenciário da Papuda. Mais que isso, o plano tem a assinatura de duas facções criminosas: a carioca Comando Vermelho (CV) e a genuinamente brasiliense Comboio do Cão (CDC).

A missão da advogada, solta provisoriamente após passar por audiência de custódia nessa quarta-feira (9/8), era garantir que a droga chegasse com segurança às mãos de três faccionados. Alisson Santos da Rocha, Antônio Pereira da Silva e Diego Rodrigues da Silva são os detentos que receberiam as mais de 40 porções de maconha e cinco de cocaína. Erica já havia conseguido vencer as barreiras de segurança do sistema carcerário e enxertar porções de cocaína e maconha intramuros.

Para correr o risco de ser flagrada, Erica embolsava R$ 10 mil por “operação”. No termo de declaração do policial penal que integrava a equipe de segurança que fez a prisão da advogada, ela teria dito que não era a primeira vez que tentava entrar com droga na Papuda. Ela teria tido sucesso pelo menos em outra oportunidade, e tentava pela segunda fez quando a “casa caiu”.

Drogas no parlatório

A advogada relatou aos policiais penais que deveria deixar as trouxinhas de maconha e papelotes de cocaína no parlatório. Segundo o depoimento do policial, a advogada confessou que esconderia a droga dentro de uma caixa de conexão elétrica, após ser desaparafusada. Para isso, a Erica deveria usar a chave do armário destinado aos advogados.


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Quando fossem atendidos pela advogada, os internos usariam canudos plásticos e um pedaço fino de madeira para retirar a droga sem chamar a atenção das equipes de segurança. No momento da prisão, os policiais penais fizeram a revista pessoal nos detentos e no local em que eles estavam, e localizaram os canudos plásticos e os pedaços de madeira citados pela advogada.

A droga foi entregue à advogada pela companheira de um dos detentos, na manhã de terça-feira (8/8). De lá, ela seguiu para a Papuda para fazer a entrega e receber R$ 10 mil pelo crime. No entanto, um cão farejador conduzido pelos policiais identificou que a Erica carregava algum tipo de substância suspeita. A profissional ainda tentou mudar de lado na fila de inspeção para entrar no presídio, e se afastar do cão, mas não teve sucesso. O animal fez a movimentação característica de quando encontra droga, deitando no chão.

PCDF investiga

O envolvimento da advogada com os faccionados do Comando Vermelho e do Comboio do Cão é alvo de inquérito instaurado pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco/Decor) da PCDF. Os investigadores apuram se existe uma rede de advogados a serviço das fações para fomentarem o tráfico de drogas dentro do sistema penitenciário do DF.

Após a prisão e Erica Fernanda, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF) suspendeu a carteira da advogada cautelarmente por 90 dias. Além da suspensão, a OAB encaminhou os autos ao Tribunal de Ética e Disciplina (TED) para apuração dos fatos, respeitando o devido processo legal e a ampla defesa.

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seape) informou, por meio de nota, “que a Polícia Penal do DF, responsável pela segurança intra e extramuros do Sistema Penitenciário do Distrito Federal, trabalha diuturnamente fiscalizando e coibindo todo tipo de conduta criminosa dos usuários e frequentadores do sistema penal do DF”, aponta.

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Por Metrópoles

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