Courtney Novak, influenciadora e escritora norte-americana, ficou tão fascinada por Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, que viralizou nas redes sociais ao perguntar: “O que vou fazer do resto da minha vida depois que terminá-lo?”. Na quinta-feira 6, ela decidiu seu próximo passo.

A escritora anunciou que lerá Dom Casmurro, outro clássico de Machado de Assis. Ela postou uma foto segurando o livro com um parque de diversões ao fundo e escreveu que está “no ambiente perfeito para começar sua nova aventura”.

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“A pressão dos brasileiros é impressionante!”, declarou Courtney, referindo-se aos inúmeros comentários que a incentivaram a ler a história de Bentinho e Capitu, publicada em 1899.

Courtney tinha um projeto pessoal de ler uma obra de cada país do mundo em ordem alfabética. No entanto, Memórias Póstumas de Brás Cubas a impactou tanto que ela decidiu incluir Dom Casmurro como um “bônus” antes de seguir para obras de países começados com a letra “C”.

Machado de Assis já recebeu reconhecimento internacional antes. O escritor norte-americano Philip Roth (1933-2018) expressou sua admiração pelo brasileiro em 2008, comparando-o ao dramaturgo Samuel Beckett (1906-1989).

Hélio de Seixas Guimarães, professor de literatura brasileira na Universidade de São Paulo (USP), ressalta que as principais obras de Machado “estão traduzidas para praticamente todas as línguas modernas e publicadas por boas editoras de vários países”.

A tradução de Memórias Póstumas de Brás Cubas para o inglês por Flora Thompson-DeVeaux ampliou significativamente seu alcance.

“Machado sempre atingiu um público restrito fora do Brasil”, disse Guimarães. “Isso talvez tenha começado a mudar com a tradução recente de Thomson-DeVeaux.”

Tradutora de Brás Cubas comenta vídeo

Flora Thompson-DeVeaux celebrou o sucesso de sua tradução no Twitter/X. “Vi o vídeo [da Courtney], gente. Fiquei feliz demais de ver alguém tendo a mesma reação que eu quando li Brás Cubas pela primeira vez com meu português precário: espanto e indignação de não ter convivido com o Machado desde sempre. Presenteiem os amigos gringos, espalhem essa alegria.”

Memórias Póstumas de Brás Cubas é narrado por um “defunto-autor”, Brás Cubas, que escreve sua biografia desde o túmulo. A dedicatória inicial — “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas” — já sugere a mistura de ironia, humor e horror.

Fernando Marcílio, professor de literatura do Curso Anglo (SP), explica que Machado de Assis revolucionou a literatura brasileira com Memórias Póstumas de Brás Cubas.

“Ele foi um gênio porque questionou as bases da literatura de seu próprio tempo ao escrever um romance realista”, disse Marcílio. “Realista nas bases do século XIX, desnudando a realidade humana e desfazendo as ilusões românticas.”

Heric José Palos, coordenador de literatura do Curso Etapa (SP), afirma que a obra de Machado permite entender melhor não só a história e a cultura brasileiras, mas também a espécie humana.

“Os jovens podem tomar consciência e enxergar a raiz e o problema de dilemas sociais com que vivemos até hoje”, disse Palos. “Os personagens são pessoas que conhecemos.”

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Fonte : Revista Oeste

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