Mais de uma centena de empresários e autoridades sauditas de grande relevância para o país desembarcaram no Brasil, no início da semana. Entre eles, o ministro de investimentos Khalid A. Al- Falih, ex-CEO da companhia petrolífera Saudi Aramco.
A comitiva participou de um evento na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que contou com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, além de representantes do governo paulista.
Durante o encontro, a comitiva árabe apresentou seus planos até 2030. Também foram fechados 26 acordos entre empresas brasileiras e sauditas, para comércio bilateral, em áreas como petroquímica, alimentícia, turismo e transporte.
Os acordos vão gerar negócios na ordem de US$ 3,5 bilhões (R$ 17 bilhões) entre os dois países, segundo informações da Sete Partners, empresa responsável pela organização de parte da viagem da comitiva saudita.
Empresários da Arábia Saudita têm demonstrado interesse em investir em diferentes setores no Brasil, como energia renovável, fertilizantes, mineração e aeroespacial.
Para atingir a meta de levar a economia da Arábia Saudita à 15ª posição do ranking global, o governo saudita conta com um fundo de investimento público equivalente a R$ 8,9 trilhões (R$ 43,3 trilhões).
Khalid A. Al-Falih demonstrou otimismo em relação ao avanço da parceria com o Brasil.
“Apesar da distância geográfica entre nós, o Brasil e a Arábia Saudita, dois membros orgulhosos do G20 e grandes produtores de energia, estão bem posicionados para serem parceiros estratégicos, sendo nós líderes econômicos das nossas respectivas regiões”, afirmou o ministro.
Para o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Osmar Chohfi, a visita do ministro teve dois principais objetivos.
“Um deles é detectar possibilidades de investimento sauditas no Brasil. A Arábia Saudita tem fundos soberanos e fundos privados também, os maiores do mundo, e eles têm um apetite para investimento no exterior”, afirmou.
“Mas, ao mesmo tempo, no contexto do grande plano da visão deles chamada 2030, a Arábia Saudita tem procurado diversificar sua economia, diversificar sua base econômica e industrial”.
Chohfi considera que os investimentos entre os dois países passam a ser uma via de mão dupla.
“Eles têm interesse em que o Brasil, com sua experiência no campo da produção de alimentos, possa investir também na Arábia Saudita, ajudando a adquirir uma certa autonomia no campo da produção de alimentos. E isto está ocorrendo, porque não só eles estão investindo em empresas do agronegócio brasileiro, mas também empresas brasileiras desse setor estão investindo na Arábia Saudita”, disse.
O comércio entre o Brasil e Arábia Saudita tem duas grandes bases: alimentos e óleo. No primeiro semestre de 2023, 57% das importações brasileiras da Arábia Saudita corresponderam a óleos brutos de petróleo, segundo informações do Ministério Brasileiro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Em seguida vêm os óleos combustíveis de petróleo, exceto brutos e adubos ou fertilizantes. Ambas as categorias representam 15% das importações
Em relação às exportações, segundo a pasta, a agropecuária representou um quarto de todos os produtos brasileiros enviados para o país. Em seguida, vêm: açúcares e melaços, que correspondem a 24% dos produtos exportados. E em terceiro lugar, farelo de soja e outros alimentos para animais, que são 9,6% dos itens exportados.
As exportações brasileiras para a Arábia Saudita no primeiro semestre do ano cresceram 27,6%, na comparação com o mesmo período do ano passado, somando US$ 1,6 bilhão (R$ 7,7 bilhões).
De acordo com a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, a Arábia Saudita é a principal parceira comercial do Brasil, entre os países árabes. Em 2022, a corrente de comércio dos países atingiu US$ 8,2 bilhões (R$ 39,9 bilhões).
Um dos principais objetivos da ampliação dos investimentos no Brasil é a busca dos sauditas pela transição energética, segundo o ex-vice-presidente do Banco Mundial, Otaviano Canuto.
“O desafio para a Arábia Saudita ao longo dos anos todos, e será ainda mais, é utilizar o ganho que eles têm, por conta de recursos naturais, especificamente do petróleo, para transformar essa riqueza, ou retorno, na utilização dessa riqueza, em outros ativos”, explicou o economista à CNN.
Para o ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil, Welber Barral e sócio da BMJ Consultores Associados, a visita dos sauditas gera uma expectativa de que mais projetos podem ser realizados a curto prazo entre os dois países.
“Essa reunião que aconteceu na Fiesp foi um marco pelo número de participantes e pelo número de setores envolvidos. Nós não tivemos apenas agricultura, investimentos em infraestrutura, interesse em logística, mas inclusive dos setores de defesa”, afirmou.
“Há possibilidade de cooperação, de investimento recíproco, e inclusive transferência de tecnologia brasileira para a Arábia Saudita.”
A visita da comitiva saudita serviu para que representantes de ambos os países conhecessem novas áreas de investimentos, que vão além do que já é comercializado, segundo André Skaf, sócio da Sete Partners.
“O Brasil vai encontrar na Arábia Saudita muitas oportunidades em diversos setores, com apoio na área de créditos, com baixos custos e prazos alongados para pagamentos incentivos de energia, doação para implantação da sua empresas (…) Foi uma agenda intensa, muitas empresas compareceram em alguns eventos e acho que agora é a gente trabalhar para que tudo isso que foi fechado, foi combinado, se torne realidade nos próximos meses”.
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Fonte : CNN BRASIL