O que para o Brasil pode parecer cena de filme, o tocar de sirenes e moradores correndo para se proteger em um bunker (abrigo antimísseis) é cena comum em Israel. Por lá, ataques por países vizinhos e grupos terroristas não são ficção. Assim, ter um local de segurança na rua ou dentro de casa torna-se norma e faz parte da rotina.

“Minha casa tem um bunker” é quase como dizer que tem também uma sala, uma cozinha ou um banheiro.

Os abrigos de proteção antibombas começaram a ser construídos em vias pública, residências e edifícios a partir de 1948, quando Israel ganhou sua independência e passou, então, a ser perseguido pelos vizinhos árabes e mulçumanos que não aceitaram (e não aceitam até hoje) a existência do país.

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Por lei, todas as casas e edificações devem estar equipadas com um abrigo de segurança.

Em 1993, dois anos após a Guerra do Golfo, o país implementou nova lei federal de proteção, estabelecendo que todo apartamento construído a partir daquele período fosse obrigado a ter um bunker dentro da própria unidade, de forma que o morador possa entrar imediatamente quando as sirenes tocarem.

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Quais os tipos de bunkers existentes em Israel?

São três tipos:

  1. os públicos localizados nas ruas — muitos deles, antigos;
  2. os compartilhados entre moradores do mesmo prédio, quase sempre situados nas garagens e alguns com a opção de oferecer abrigo separado para os moradores no próprio andar; e
  3. os mais modernos, dentro dos apartamentos.

Os animais de estimação também são permitidos nos abrigos compartilhados.

Cada detalhe é pensado na construção de um bunker

Construir um bunker não é tão simples, nem barato, além das questões regulatórias. Existem padrões bem definidos a seguir na garantia da preservação da vida em caso de ataques de mísseis. São cômodos com segurança reforçada contra projéteis de alto impacto e armas químicas.

As paredes são feitas em concreto armado (sólido), extremamente grossas. Os tetos são baixos. Dutos de ventilação e tomadas, garantindo também luz de emergência, são instalados. As portas e as janelas são herméticas e feitas em aço. As duas aberturas, porta e janela, nunca estão na mesma parede.

Pelas normas, a área útil de um bunker privado é de 9 m², podendo, em espaços menores, ser de 5 m².

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A janela consiste em duas partes: uma tampa externa de aço, de correr — portanto, não ficando perceptível quando não está em uso em propriedades privadas —  e uma interna de vidro, completamente fechada e a prova de balas.

A abertura não pode passar de 1,21 m², a largura fica entre 60 cm e 1 m. Em alguns casos, a janela funciona como saída de emergência.

As quinas das paredes, porta e janela ganham uma linha de tinta em tom forte ou com luminosidade para identificação no caso de faltar energia.

No bunker deve haver, pelo menos, três tomadas elétricas, sendo uma de telefone e outra de TV e rádio.

Bunkers públicos ao alcance do povo

Placa de rua indica o bunker mais próximo
Placa indica o abrigo público de proteção (bunker) mais próximo do local | Foto: Reprodução/Redes sociais

Não é difícil achar um bunker público (Chamados em hebraico de miklat tsiburi). Placas de sinalização indicam os mais próximos.

Na frente da construção, também é colocada a numeração da unidade de acordo com a quantidade existente na cidade. As entradas são pela calçada e os abrigos podem ser encontrados em diversas áreas de fácil acesso.

Atualmente, muitos bunkers públicos ganharam murais pintados por artistas grafiteiros na fachada. A maioria deles estão próximos às escolas e áreas de recreação infantil.

Bunker perto de escola próxima a Gaza é pintado com temas alegres para aliviar o estresse das crianças.
Bunker pintado por artista com temática infantil, localizado próximo uma escola de Sderot, conhecida como a ‘Capital dos abrigos’ por estar a apenas 1,6 km de Gaza | Foto: Reprodução/Rede Sociais

As portas de aço reforçado (padrão para todos) são muito pesadas para abrir. Ao entrar, o usuário se depara com uma escada para descer.

As salas de proteção ficam 4 metros abaixo do nível do solo. Ao descer as escadas, o usuário encontra, ainda, outra porta igualmente fechada, também em aço e vedada contra gases.

Dentro existem dispositivos de água e banheiros. O esgoto é impulsionado para cima, entrando na rede da cidade. Além dos dutos de ventilação, eletricidade e lâmpadas de emergência, os bunkers públicos contam com saídas de emergência — uma passagem estreita, como se fosse uma janela pequena.

Janela de um "bunker" compartilhado, fechada com porta de correr de aço e pintada nas laterais de vermelho para identificação no escuro
Janela de um bunker compartilhado, fechada com porta de correr de aço e pintada nas laterais de vermelho para identificação no escuro | Foto: Reprodução/Redes sociais

Prédios residenciais mais antigos têm bunkers compartilhados

A opção de proteção compartilhada em prédios residenciais mais antigos, construídos anteriormente a lei de 93 que exige bunker dentro dos apartamentos, é chamada de Mamak. Muitos desses abrigos compartilhados entre vizinhos ficam nas garagens do condomínio.

Existem também edifícios nos quais o espaço protegido pertencente a um andar inteiro do prédio, ou seja, cada andar tem o seu, facilitando a rapidez ao acesso. O mesmo acontece em escritórios e escolas.

Prédios novos são obrigados a ter bunker dentro de cada apartamento

Os novos empreendimentos oferecem, por lei, um bunker dentro do próprio apartamento. Dessa forma, quando necessário, o morador não precisar mais descer as escadas para se abrigar em cômodos coletivos no subsolo ou no próprio andar. Há, no entanto, um preço para isso. O valor dos imóveis é bem mais alto, tanto para compra quanto para aluguel.

O bunker dentro de apartamento é chamado de mamad. No dia a dia, esses espaços são de uso normal da casa. Muitos israelenses fazem nele um escritório, quarto de hóspedes ou sala de TV.  Os especialistas em segurança orientam que os moradores não coloquem muitos móveis nem bloqueiem as janelas.

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É preciso ter em mente que, em caso de emergência, todos os moradores devem ficar no espaço de maneira confortável.

De acordo com a imprensa israelense, entre os mais de 2 milhões de apartamentos em todo o país, apenas 800 mil têm bunker dentro das unidades.

Embora seja possível construir um abrigo dentro de um apartamento antigo, o valor é desanimador, sai em torno de NIS 150 mil, aproximadamente R$ 200 mil.

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Fonte : Revista Oeste

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