Aviões de pequeno porte, os famosos jatinhos, estão proibidos de utilizar a pista principal do Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo. A decisão de restringir o uso para aeronaves pequenas passou a valer nesta sexta-feira (10), anunciou a Aena, concessionária responsável pela administração do aeroporto.

Segundo a Aena, a pista principal do Aeroporto de Congonhas “será utilizada para operação de aeronaves da aviação comercial e de jatos de médio e grande porte da aviação geral”. A empresa ressalta que a medida “visa reduzir riscos e melhorar a eficiência operacional na pista principal”.

A decisão da empresa, tomada em conjunto com a ANAC e que começou a valer ontem, foi antecipada pela CNN no último domingo.

Incidentes

A restrição foi estabelecida após três incidentes envolvendo aviões de pequeno porte em apenas uma semana no aeroporto, causando transtornos em sua operação e prejudicando milhares de passageiros. No dia 29 de outubro, estourou um dos pneus do trem de pouso de um Cirrus Vision, levando à interdição por 50 minutos da pista.

No dia 1º de novembro, um modelo Piper Aircraft também teve problemas com o trem de pouso. Foram canceladas 30 decolagens e 43 chegadas em Congonhas.

Depois, na sexta-feira (3), um jato Cessna Citation proveniente do interior de São Paulo apresentou problemas no sistema de freios e inutilizou a pista por pouco mais de uma hora. Houve 12 cancelamentos e 14 voos tiveram que ser desviados para outros aeroportos.

Repercussão

Pouco antes da mudança, a Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta) havia se manifestado a favor de alterações para garantir a “eficiência operacional” de Congonhas.

“O Aeroporto de Congonhas, localizado no centro da cidade de São Paulo, é um dos mais movimentados e estratégicos terminais do Brasil. […] Quando uma pista é fechada, os voos programados para aquele aeroporto são desviados para outros destinos, acarretando prejuízos consideráveis que afetam todo o país”, disse a Alta.

Um dos pontos mencionados pela associação é a resolução nº 400 da Anac, que obriga companhias aéreas a assistir os passageiros com alimentação e até hospedagem, em caso de atraso nos voos.

Segundo a Alta, quando os problemas são causados pela aviação geral, as companhias aéreas precisam arcar com esses custos da mesma forma — mesmo não tendo sido causadoras dos incidentes.

“Não é factível permitir que um aeroporto que acabou de ser concedido à iniciativa privada, justamente visando que receba os investimentos necessários para sua modernização e para melhor atender aos passageiros, a cidade de São Paulo e todo o sistema de aviação civil no Brasil, tenha que ser interditado por tais incidentes, gerando tanto transtorno e custos”, afirmou a ALTA, em comunicado.

Exceção

Os aviões de menor porte só poderão continuar usando a pista principal de Congonhas em caso de operação com condições meteorológicas CAT 1.

Isso significa que, se houver visibilidade inferior a 800 metros, por causa de situações como chuva ou neblina, as aeronaves menores terão pouso autorizado.

O motivo da exceção é que o sistema de pouso por instrumentos (ILS) está presente apenas na pista principal, não na auxiliar, o que permite uma aterrissagem mais segura e precisa em circunstâncias difíceis.

Segurança na pista

Em nota, a Aena, empresa que administra as operações em Congonhas, defende a restrição para melhorar a segurança do aeroporto. Leia abaixo a íntegra da nota:

A Aena entende que há espaço para manter tanto a aviação comercial quanto a aviação executiva em operação no Aeroporto de Congonhas.

Reforçamos o nosso compromisso em manter a aviação geral no aeroporto. Todavia, alguns ajustes são necessários para melhorar a performance operacional e a segurança.

Dessa forma, a Aena solicitou à ANAC e ao DECEA que as operações das aeronaves de pequeno porte da aviação geral/executiva sejam realizadas na pista auxiliar, que tem capacidade para receber esse tipo de operação. A pista principal do aeródromo será utilizada para operação de aeronaves da aviação comercial e de jatos de médio e grande porte da aviação geral.

Essa medida visa reduzir riscos e melhorar a eficiência operacional na pista principal, principalmente em função dos 3 eventos que ocorreram na semana passada.

Os alinhamentos realizados com a ANAC, DECEA e os principais operadores resultaram nas seguintes proibições de operação na pista principal do Aeroporto de Congonhas:

– Em vigor a partir de 10/11: Pousos e decolagens de aeronaves da aviação geral/executiva com envergadura inferior a 14,5 metros, exceto se em condições IMC CAT I.

– Em vigor a partir de 17/11: Pousos e decolagens de aeronaves turboélices e a pistão da aviação geral/executiva.

A Aena ressalta que continua dialogando com todos os atores interessados, visando uma solução em conjunto para melhorar e modernizar o Aeroporto de Congonhas.

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Fonte : CNN BRASIL

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