O que é o “choque cardiogênico”, causa da morte do cão Joca

O laudo médico da Faculdade de Medicina Veterinária da USP obtido pela CNN apontou que o cão Joca, golden retriever que faleceu em um voo da GOL em abril, morreu por um choque cardiogênico.

De acordo com a médica veterinária especialista em cardiologia, Fabiana Pereira, o choque cardiogênico é quando o coração para de bater. O órgão falha em bombear o sangue para o corpo, causando graves danos.

A condição resulta na queda imediata da pressão arterial e, assim, o oxigênio não chega nos tecidos, como no cérebro, rins e no próprio coração. Isso pode causar a falência múltipla dos órgãos.

“O choque é o último momento antes da morte. Uma situação de muito estresse, seguida de um pico de adrenalina, pode gerar uma arritmia, por exemplo, que pode resultar na parada cardíaca”, explica.

A doutora Fátima Martins, médica veterinária que analisou o laudo da USP, afirmou à CNN que o choque do cachorro pode ter sido causado por uma hipertermia.

A hipertermia, ou seja, quando o corpo fica com uma temperatura acima do normal, também pode causar a condição que matou Joca. “Ela afeta todo o corpo e o sistema circulatório entra em colapso. Isso pode desenvolver arritmias e, portanto, o choque cardiogênico”, completa Fabiana.

A veterinária Fátima enfatiza que a hipertermia é uma emergência e precisa ser tratada rapidamente por um médico. “Ela é extremamente grave e leva a óbito”.

O laudo médico conclui que Joca tinha “alterações cardíacas relevantes” que poderiam justificar o quadro relatado. Mas a especialista diz que seria uma condição apenas agravante e que a causa para o choque cardiogênico partiria do estresse sofrido no voo.

A CNN pediu um posicionamento da GOL sobre o resultado do laudo médico, mas ainda não obteve retorno.

Relembre o caso

Um cachorro Golden retriever de cinco anos, o Joca, foi devolvido morto ao seu tutor, o engenheiro João Fantazzini, depois de um voo da GOL Linhas Aéreas no último dia 22 de abril.

A aeronave com o animal saiu do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, para o Aeroporto de Sinop, no Mato Grosso. Porém, o trajeto foi desviado para Fortaleza, no Ceará, devido a uma “falha operacional”, segundo a companhia aérea.

Devido à mudança, o cão ficou sete horas no trajeto. A caixa que transportava Joca estava com a etiqueta errada, etiquetada com destino de Manaus e com nome de outro animal, chamado Kiara.

Segundo João, o veterinário do golden retriever havia dado um atestado médico para a viagem, indicando que o animal estava apto a viajar por duas horas.