São Paulo — O coordenador da Atividade Delegada da Prefeitura de São Paulo não se limita a cobrar uma postura mais linha-dura da tropa, com mostrou o Metrópoles no sábado (26/8). O coronel Celso Luiz Pinheiro também diz que está sendo preparada uma ampliação nas atribuições dos policiais, incentivo financeiro para que a adesão seja maior na região central da cidade e negociações para que os PMs contem com o mínimo de infraestutura para que possam trabalhar com dignidade.

“Vamos começar, se tudo correr bem, com perturbação de sossego. Aos fins de semana e nos feriados à noite, nas cenas de uso [na Cracolândia], em apoio às atividades de risco, também no Samu, na instrução da defesa civil, nas fiscalizações do descarte de resíduo sólido, de pensão, ferro-velho”, diz Pinheiro.


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O coronel afirma que tem 314 vagas reservadas para o trabalho noturno, podendo chegar a 500. Com a região da Subprefeitura da Sé costuma ter uma adesão menor do que outros locais da cidade, por ser uma área onde confrontos acontecem com mais frequentes, estão sendo estudados incentivos de até 20% sobre o que pago atualmente. Tanto aumento de escopo das atribuições quanto a bonificação dependem de aprovação pela Câmara.

Hoje, os praças (soldados, cabos, sargentos e subtenentes) recebem R$ 274 por oito horas de trabalho na atividade delegada. Oficiais ganham R$ 328.

Entre tantas funções ao longo da carreira, o coronel comandou a Cavalaria da PM, a Academia do Barro Branco e também o CPAM/1, responsável justamente pela região central de São Paulo.

Durante a exposição das suas estratégias, o perfil rigoroso nas cobranças se associa, também, ao tom de cuidado com os policiais sob sua responsabilidade. “A nossa tropa, camarada, vou falar de coração, ela quer acolhimento, quer ser bem tratada, valorizada”, diz. “A minha carreira foi assim, sempre fui muito rígido, cavalaria e tal, formação, academia, mas sempre olhei para meu homem e para minha mulher em primeiro lugar [comandados], que estão aí, com o sacrifício da própria vida, fazendo suas atividades”, diz.

Pinheiro cita situações corriqueiras da vida dos policiais e que, segundo ele, merecem atenção, como a necessidade de pontos de apoio à atividade delegada, que conta com PMs até do interior do estado. “O cara que sai às 2h30 de Botucatu para fazer uma delegada chega aqui [pela manhã] e você não dá um banheiro para ele? É desumano. Nossa tropa frita o peixe e olha o gato”, diz.

O coronel cita conversas com entidades civis para que se consiga melhores condições de trabalho para o policiais da atividade delegada. “Falei para o pessoal da Paulista ‘vocês querem adesão, tratem bem o meu povo’. O policial reclama que não tem um lugar para estacionar a moto. Você vai naquela base comunitária no Trianon, aquele trailer, entra lá e tem 180 mochilas de policiais, estão pisando em cima delas”, conta.

Adesão

Na última quarta-feira (23/8), a adesão média na Subprefeitura da Sé foi de 81% (1.272), de acordo com a escala de trabalho, sem contar policiais que foram obrigados a desistir de última hora.

Mesmo assim, há variações na adesão entre as nove Áreas de Interesse de Segurança Pública (AISPs) que compõem a região. Aquelas com a menor percentual na quarta eram justamente as mais próximas do fluxo da Cracolândia. No Centro Novo (região da República), apenas 59% das vagas estavam preenchidas, enquanto na Santa Ifigênia, 62%.

Esse número tende a diminuir ainda mais com o fim do mês, quando muitos já cumpriram o limite de escalas na delegada.

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Por Metrópoles

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