Um ex-procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI) disse que há “uma base razoável para acreditar que um genocídio está sendo cometido contra os armênios” na região contestada de Nagorno-Karabakh.
“Não há crematórios e não há ataques de facão. A fome é a arma invisível do genocídio. Sem uma mudança dramática imediata, este grupo de armênios será destruído em algumas semanas”, disse Luis Moreno Ocampo em uma carta de opinião especializada na segunda-feira (7).
Ocampo trabalhou no TPI, com sede na Holanda, até 2012.
Nagorno-Karabakh é uma área sem litoral entre a Europa Oriental e a Ásia Ocidental que abriga uma grande população armênia, mas é reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão. A Armênia e o Azerbaijão lutam pela região há décadas.
Na segunda-feira, especialistas da ONU instaram o Azerbaijão a suspender o bloqueio no corredor Lachin, a única estrada que liga Nagorno-Karabakh à Armênia. O bloqueio está em vigor há sete meses.
Em um comunicado à imprensa, o ACNUR pediu ao Azerbaijão que ponha fim à “terrível crise humanitária” na região de Nagorno-Karabakh, que, segundo ele, resultou em escassez de alimentos, medicamentos e produtos de higiene.
“O bloqueio do corredor Lachin é uma emergência humanitária que criou uma grave escassez de alimentos essenciais, incluindo óleo de girassol, peixe, frango, laticínios, cereais, açúcar e fórmula infantil”, afirmou.
Os suprimentos médicos também estavam “se esgotando rapidamente”, acrescentou.
O ACNUR exortou o governo do Azerbaijão a “manter suas obrigações internacionais de respeitar e proteger os direitos humanos” e pediu às forças russas de manutenção da paz na região que protejam o corredor.
Ambos os pedidos estão de acordo com o acordo de cessar-fogo de novembro de 2020.
“É essencial garantir a segurança, a dignidade e o bem-estar de todos os indivíduos durante este período crítico”, acrescentaram.
VÍDEO – Mesmo com assassinato, Equador diz que garante segurança para eleições
data-youtube-width=”500px” data-youtube-height=”281px” data-youtube-ui=”internacional” data-youtube-play=”” data-youtube-mute=”0″ data-youtube-id=”BH3-mhc-uoI”
A questão foi levantada em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU em 3 de agosto, com o vice-ministro das Relações Exteriores da Armênia, Vahe Gevorgyan, alertando que o bloqueio do Azerbaijão afetou 2.000 mulheres grávidas, cerca de 30 mil crianças, 20 mil idosos e 9.000 pessoas com deficiência.
Em julho, o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, disse que a UE estava “profundamente preocupada com a grave situação humanitária” na região de Nagorno-Karabakh, argumentando que “cabe às autoridades do Azerbaijão garantir a segurança e a liberdade de movimento ao longo do corredor Lachin em breve e para não permitir que a crise se agrave ainda mais.
Um porta-voz do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse no mês passado que Blinken havia falado com o presidente do Azerbaijão para “expressar profunda preocupação com a situação humanitária em Nagorno-Karabak” e destacou a “necessidade urgente de trânsito livre de veículos comerciais, humanitários e privados pelo corredor Lachin.
Compartilhe:
source
Fonte : CNN BRASIL