Dois soldados brasileiros alistados na legião estrangeira do exército ucraniano disseram à CNN que estão combatendo contra a Rússia para defender a liberdade no país do leste europeu.

O catarinense Everson Neves, de 23 anos, e o militar carioca de codinome Lobo, de 29 anos, estão lutando “no lugar mais quente” da linha de frente da guerra.

Eles não podem revelar a exata localização, mas a referência ao “lugar mais quente” do conflito dá a entender que estejam combatendo em Bakhmut – cidade que ficou totalmente destruída na mais sangrenta batalha da guerra e que, no momento, continua sendo controlada pelos russos.

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Everson é um músico sem formação militar, mas recebeu treinamento básico dos ucranianos antes de ser enviado pela infantaria para a linha de frente. “Foi um treinamento nível Otan [a aliança militar ocidental], onde tive instruções com diversas militares de diversos países”, disse.

Lobo, ao contrário, é instrutor de tiro e foi militar da Força Aérea Brasileira (FAB) por oito anos, deixando a corporação em 2021. “Eu me preparei a minha vida toda para isso. No meu sangue, corre o sangue de soldado”, disse.

“Defender a liberdade”

Os dois dizem que estão na Ucrânia para defender a liberdade do país e do seu povo.

“Um dos maiores motivos foi poder ajudar um país que tanto sofre com as ameaças do inimigo. Onde existem civis, crianças e pessoas que são incapazes de se defender de tamanha agressão. Meu coração me dizia que eu deveria prestar alguma ajuda e fazer o possível para ajudar esse povo que tanto precisa ter a liberdade restabelecida”, diz Everson.

Lobo diz que nunca aceitaria que qualquer país fosse invadido. “Eu amo meu país, o Brasil, mas eu não aceito que invadam o território de ninguém. Então essa é a minha maior motivação: expulsar os invasores”, diz, acrescentando que não sente absolutamente nada pelos russos. “Eles simplesmente são soldados, como eu, e cumprem ordens”, afirma.

Os dois já passaram por momentos muito difíceis nas batalhas.

“Podemos dizer que estar na guerra é encarar o próprio inferno na terra”, diz Everson.

“Os momentos mais tristes são aqueles quando chegam informações que algum amigo morreu em combate. Isso é uma coisa muito triste, é um momento em que a gente perde um irmão”, diz ele.

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Para Lobo, os momentos de dificuldades são constantes. “Eles se repetem, pois são as linhas de frente, com as casas das famílias ucranianas destruídas. As terras das famílias ucranianas estão minadas, e isso para mim é muito triste. Mas a minha vontade de expulsar os Invasores cresce cada vez mais”, afirma.

Os dois reconhecem que têm medo de morrer em combate e que admitem que suas famílias se preocupam com eles –mas também afirma que elas os apoiam por suas decisões.

Lobo diz que é importante “furar a barreira do medo”. Segundo ele, o medo é o sentimento “que consegue fazer com que (os soldados) possam agir da maneira correta”.

Segundo Everson, um grupo de 30 a 40 brasileiros estão lutando no momento em território ucrâniano.

O comandante da legião estrangeira, o militar georgiano Mamuka Mamulashvili, confirmou esta semana, durante uma entrevista organizada pelas ONGs Kharkiv Media Hub e Transatlantic Dialogue Center (que também ajudaram com a localização de Everson e Lobo), um outro soldado brasileiro morreu recentemente em combate.

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Mamulashvili, Everson e Lobo não revelaram a identidade do militar morto. “A gente teve as informações muito recentemente sobre o brasileiro que veio a falecer em combate, porém a gente teve pouco contato por mensagem. A gente não sabe muito o que aconteceu ainda”, diz Everson.

Usando uma máscara para não ser identificado, Lobo afirma que o treinamento que recebeu na FAB o ajuda muito nos combates. “O treinamento que os militares brasileiros recebem não é muito diferente das condições da guerra aqui. Mas aqui aprendemos sobre táticas soviéticas, já que é um treinamento voltado para o inimigo que estamos enfrentando agora”, diz ele.

Lobo manda uma mensagem final para o público brasileiro. “Nunca vamos permitir que outro país invada a terra de ninguém, assim como não permitiremos que ninguém invada o nosso Brasil. Temos que lutar por todos, sem olhar quem é o inimigo”.

Já Everson diz que “muitas vezes somos chamados de loucos por estar aqui. Mas o real motivo é ajudar. Pode ser que a nossa bravura um dia seja esquecida, mas a nossa luta jamais será em vão”, afirma.

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Fonte : CNN BRASIL

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