O gabinete do ministro Nunes Marques tornou-se um ponto de encontro para uma legião de advogados em busca de audiência. Com 51 anos e quase três deles dedicados ao STF, Marques, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, vem trilhando um caminho de aproximação com o governo Lula. Essa mudança de rota gera inquietação entre os aliados de Bolsonaro, que viam em Marques um suporte confiável, destacando-se sua decisão contrária à inelegibilidade do ex-mandatário. Agora, a postura futura do magistrado, especialmente em sua presidência no Tribunal Superior Eleitoral em 2026, mantém conservadores em estado de alerta.

O estreitamento de laços entre Nunes Marques e o Palácio do Planalto tem sido marcado por diálogos discretos com o presidente Lula e uma crescente influência nos tribunais federais, evidenciada pela nomeação de figuras alinhadas às suas visões pelo próprio presidente da República.

Dentre os nomeados por Lula para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, destaca-se o juiz João Carlos Mayer Soares, uma escolha influenciada por Nunes Marques. Este tribunal, do qual o ministro é egresso, abarca processos de grande parte dos estados brasileiros.

A aproximação entre Lula e Nunes Marques encontrou um facilitador no ex-governador do Piauí e atual ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), um amigo do magistrado. No entanto, observadores do Supremo consideram que a aliança com Gilmar Mendes, figura de grande influência no Planalto, foi fundamental nesse processo. Apesar de conflitos passados, como quando Mendes criticou um voto de Marques de forma contundente, os dois parecem ter encontrado um terreno comum, mediado por Guiomar Mendes, esposa de Gilmar, que promoveu um jantar conciliatório em sua residência.

Os gestos de cordialidade entre Nunes Marques e Lula se intensificaram no final de 2023, com o presidente honrando indicações do ministro para cargos em tribunais e demonstrando preocupação pessoal após uma cirurgia enfrentada por Marques.

Além dos sinais políticos, decisões cruciais aguardam no gabinete de Nunes Marques, como uma ação que contesta a redução da influência da União na Eletrobras, mostrando o ministro como uma ponte essencial entre diferentes esferas de poder.


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Fonte : Hora Brasilia

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