Uma pesquisa pioneira conduzida por cientistas do Brigham and Women’s Hospital, ligado à Universidade de Harvard, nos EUA, trouxe descobertas que poderão ser usadas no tratamento de doenças autoimunes, como a esclerose múltipla. A abordagem revolucionária envolve o uso de bactérias probióticas projetadas para suprimir a autoimunidade e reduzir a inflamação cerebral.


Os resultados promissores, publicados na revista Nature neste domingo (13), sugerem um novo horizonte no tratamento de condições autoimunes no cérebro.



Os probióticos, conhecidos por seus benefícios à saúde intestinal, agora estão sendo empregados de maneira inovadora. Liderados pelo imunologista e neurocientista Francisco Quintana, professor de Harvard, os pesquisadores desenvolveram bactérias probióticas geneticamente modificadas capazes de produzir compostos relevantes para o tratamento de doenças autoimunes no cérebro.


Essas bactérias agem como fábricas internas de medicamentos, proporcionando um potencial tratamento contínuo e direcionado.


As doenças autoimunes acontecem quando o sistema imunológico ataca o próprio organismo. A causa de muitas delas não é totalmente compreendida.


“O mecanismo que encontramos é como um freio para o sistema imunológico. […] Na maioria de nós, ele está ativado, mas em pessoas com doenças autoimunes, há problemas com esse sistema de freio, o que significa que o corpo não tem como se proteger do próprio sistema imunológico”, observa Quintana.


Os experimentos realizados em camundongos com uma condição similar à esclerose múltipla mostraram resultados encorajadores.


O probiótico projetado demonstrou eficácia na redução dos efeitos da doença no cérebro.


Surpreendentemente, essas bactérias probióticas, mesmo residentes no intestino, foram capazes de enviar sinais bioquímicos benéficos ao sistema nervoso central.


Os achados abrem portas para uma nova abordagem no tratamento de doenças autoimunes cerebrais, afirma Quintana.


“Aprendemos nas últimas décadas que os micróbios do intestino têm um impacto significativo no sistema nervoso central. […] Uma das razões pelas quais nos concentramos na esclerose múltipla neste estudo foi determinar se podemos aproveitar esse efeito no tratamento de doenças autoimunes do cérebro. Os resultados sugerem que podemos.”


Apesar de o estudo atual ter se concentrado exclusivamente nos efeitos do probiótico em camundongos, os cientistas estão otimistas em relação ao uso dele na medicina.


Isso se dá devido ao fato de que a cepa bacteriana empregada na criação desse probiótico já passou por testes em seres humanos.


Além disso, os pesquisadores estão empenhados em adaptar sua metodologia para tratar doenças autoimunes que acometem diferentes regiões do corpo, especialmente aquelas relacionadas ao trato intestinal, como é o caso da síndrome do intestino irritável.


Esclerose múltipla


A esclerose múltipla é uma doença em que ocorre danos nas fibras nervosas e na substância que cobre essas fibras no cérebro, medula espinhal e nervos ópticos.


A causa é desconhecida, mas envolve uma reação autoimune do sistema imunológico contra os próprios tecidos do corpo.


Os sintomas podem variar, mas geralmente incluem problemas de visão, sensações anormais e movimentos fracos e desajeitados.


O diagnóstico é feito com base nos sintomas e em exames como ressonância magnética.


O tratamento envolve o uso de medicamentos para aliviar os sintomas e impedir o ataque do sistema imunológico às fibras nervosas.


A esclerose múltipla não afeta a expectativa de vida, a menos que seja grave. A doença é mais comum em mulheres e geralmente começa entre os 20 e 40 anos de idade.


Fatores genéticos e ambientais, como a exposição à vitamina D e o tabagismo, podem aumentar o risco de desenvolver a doença.

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R7

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