Em 1978, oriundo da Rádio Correio da Paraíba, onde ingressei com apenas 17 anos, em 1974, como rádio-escuta (captador de notícias e redator de noticiários), ingressei no Jornal Correio da Paraíba.

Lá, menino assustado (eu tinha 21 anos!) fui apresentado ao chefe de redação: Júlio Santana. Ele me mandou “cobrir” a formatura dos alunos da Universidade Federal da Paraíba. E me chamou a atenção: “Quero uma cobertura completa, mas sobretudo um resumo dos discursos do reitor e do orador geral; traga só o principal do que disse cada um. Fui lá; lápis e papel à mão, ao lado do fotógrafo. Quando cheguei, que terminei de redigir a matéria, ele olhou, demoradamente, o material e disse: – “Pode esquecer; já tínhamos os dois discursos aqui; isso foi um teste”. E me deu um texto, que eu deveria entregar, resumido e com redação própria, num espaço exíguo de tempo (o jornal já iria “fechar” dali a pouco). Até hoje, agradeço a Júlio essa lição de vida e esse exercício de síntese, que me são de muita valia.

Naquela época, as coisas eram bem mais difíceis para os redatores, porque o jornal era impresso em tipografia e até os títulos tinham as linhas contadas; e o número não poderia exceder, nem faltar (“Título: 2 linhas, de 20 toques”: um exemplo, apenas).  Sinceramente: era mais fácil redigir o texto do que o título.

No jornalismo da época, os repórteres não redigiam a notícia; entregavam ao “copy-desk” e este dava a redação final.

Fui, então, contratado e fiquei com a função de redator de notícias locais (“copy-desk”) e uma coluna diária na página de Esporte.

Com poucos dias de “casa”, fui chamado à sala do editor-geral, João Manuel de Carvalho. Não é necessário dizer que fui tremendo.

Ao chegar lá, o alívio:

– Colega (ele tratava todo mundo assim; o tom modificava, conforme fosse elogiar ou criticar), chamei você aqui para dizer que estou gostando muito dos seus artigos; deu uma nova roupagem à página de Esporte. Mas só tem um problema…

(Tremor, novamente).

– Você é jovem, escreve numa linguagem direta; mais agradável, mais moderna, porém continua com os vícios da crônica esportiva tradicional.

(Ia dizer: “Como assim?…”. Mas, graças a Deus, a voz não saiu).

– Você chegou agora; representa o novo. Não repita essa linguagem esportiva horrorosa, cheia de perífrases. Colega, não diga: “Morada do Sol”; diga: Patos; não diga: “Galo da Borborema”; diga: Treze. Espero que siga meu conselho.

Saí da sala do “chefe”, feliz e aliviado.

A maior alegria minha nesse período de Correio foi quando vi uma chamada de primeira página redigida por mim. A matéria principal também era minha. Pena que, na época, não se colocava o nome do autor nas matérias de reportagem; só nos artigos e colunas: foi quando o Guarany de Campinas sagrou-se campeão brasileiro do ano de 1978. Passei o campeonato todinho torcendo pelo Guarany, embora desde menino seja torcedor do Flamengo, por dois motivos: o fato de o time ser do interior (o primeiro time do interior de estado a ganhar um título nacional) e o desempenho da equipe ter sido realmente muito bom.

Despedi-me do Correio, no fim de 1978, e fui para O Norte, de onde, infelizmente, um ano depois troquei o “batente” das redações pelo magistério em cursinhos.

A VOLTA COMO COLABORADOR

Sempre fiquei “roendo” por não escrever em jornal e arrependido de haver deixado o “batente”; embora, àquelas alturas, apesar de estar no início da carreira, já ser reconhecido como um dos maiores professores de literatura brasileira, da Paraíba. Até que, em 1983, meu amigo e crítico musical Ricardo Anísio, na época editor do 2º caderno do Correio (este, agora, já na Pedro II), chamou-me para escrever uma coluna diária sobre literatura. Aceitei, de pronto. O editor, na época, era Rubens Nóbrega, a quem não conhecia e, mais tarde, tornou-se (e é até hoje) um dos maiores (e melhores) amigos que tenho. A coluna, no entanto, só durou um ano.

O BOM EX-FUNCIONÁRIO E COLABORADOR À CASA TORNA

Em 2003, convidado por Lena Guimarães, volto a colaborar no Correio, dominicalmente, com uma coluna sobre Língua Portuguesa e que, depois, ficou, após muita insistência minha, aberta, também, a outros temas (inclusive, crônicas).

Só que, em 2018, a editora-geral Sony Lacerda resolveu me incorporar, também, ao Portal Correio, atualmente sob a batuta da meiga, competente e profissional ao extremo Jailma Simone. 

De modo que hoje meu coração é dividido entre a saudade do impresso, que nunca saiu do meu coração, por haver sido meu primeiro amor, e um novo amor que me encanta e me seduz: o Portal Correio.

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Fonte : Portal Correio

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